aqui.<\/a><\/p>\nMas todo o livro \u00e9 cit\u00e1vel…<\/p>\n
Na impossibilidade de transcrever todo o livro, vou salientar aqui alguns trechos que me tocaram mais.<\/p>\n
“N\u00e3o tenho a menor ideia de como ser\u00e1 o mercado de trabalho em 2050. \u00c9 relativamente consensual que a aprendizagem autom\u00e1tica e a rob\u00f3tica ir\u00e3o mudar quase todas as \u00e1reas profissionais – da produ\u00e7\u00e3o de iogurte ao ensino do yoga.”<\/em><\/p>\n(pag. 41 – Cap\u00edtulo Trabalho – Quando fores grande, talvez n\u00e3o tenhas profiss\u00e3o<\/em>)<\/p>\n“A seguir, combinamos o algoritmo com sensores biom\u00e9tricos e o algoritmo, agora, fica a saber de que modo cada frame do filme influenciou o nosso ritmo card\u00edaco, a nossa tens\u00e3o arterial e a nossa actividade cerebral. Enquanto vemos, por exemplo, Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, o algoritmo pode reparar que a cena da viola\u00e7\u00e3o suscitou em n\u00f3s uma lev\u00edssima e quase impercept\u00edvel excita\u00e7\u00e3o, que quando Vincent dispara sem querer para a cara de Marvin isso nos faz rir com sentimentos de culpa, e que n\u00e3o percebemos a piada do \u00c2\u00abBig Kahuna Burger\u00c2\u00bb mas que nos rimos na mesma para n\u00e3o parecermos est\u00fapidos. Quando for\u00e7amos o riso, usamos m\u00fasculo\u00c2\u00a0 e circuitos cerebrais diferentes dos que accionamos quando algo nos faz rir de verdade.”<\/em><\/p>\n(pag. 77; Cap\u00edtulo Liberdade – A Big Data est\u00e1 de olho em ti<\/em>)<\/p>\n“Em 2011, irrompeu um esc\u00e2ndalo quando o jornal ultraortodoxo de Brooklyn Di Tzeitung publicou uma fotografia oficial do governo de Obama mas apagou digitalmente a secret\u00e1ria de Estado Hillary Clinton. O jornal explicou que se viu for\u00e7ado a faz\u00ea-lo devido \u00ed\u00a0s \u00c2\u00ableis de castidade judaicas\u00c2\u00bb. Deu-se um esc\u00e2ndalo parecido quando o HaMevaser apagou Angela Merkel de uma fotografia tirada numa manifesta\u00e7\u00e3o contra o massacre do Charlie Hebdo, n\u00e3o fosse a sua imagem despertar pensamentos libidinosos nas mentes dos leitores devotos. O editor de um terceiro jornal judeu ultraortodoxo, Hamodia, defendeu esta pol\u00edtica, explicando que \u00c2\u00abestamos a seguir milhares de anos de tradi\u00e7\u00e3o judaica\u00c2\u00bb.<\/em><\/p>\n(pag. 123 – Cap\u00edtulo Civiliza\u00e7\u00e3o – S\u00f3 existe uma civiliza\u00e7\u00e3o no mundo<\/em>)<\/p>\n“H\u00e1 mil anos, se adoec\u00eassemos, o s\u00edtio onde viv\u00edamos era decisivo. Na Europa, o padre local provavelmente dir-nos-ia que t\u00ednhamos provocado a ira de Deus e que, para recuperarmos a nossa sa\u00fade, dever\u00edamos doar qualquer coisa \u00ed\u00a0 Igreja, fazer uma peregrina\u00e7\u00e3o a um local sagrado e rezar com fervor a Deus, pedindo-lhe perd\u00e3o. Ou, por outro lado, a bruxa da aldeia podia explicar-nos que est\u00e1vamos possu\u00eddos por um dem\u00f3nio e que ela podia expuls\u00e1-lo com c\u00e2nticos, dan\u00e7as e o sangue de um galo preto.<\/em>
\nNo M\u00e9dio Oriente, os m\u00e9dicos formados \u00ed\u00a0 luz das tradi\u00e7\u00f5es cl\u00e1ssicas podiam explicar-nos que os nossos quatro humores corporais estavam em desequil\u00edbrio e que pod\u00edamos harmoniz\u00e1-los seguindo um dado regime alimentar e tomando po\u00e7\u00f5es fedorentas. Na \u00cdndia, os peritos ayurv\u00e9dicos avan\u00e7ariam as suas pr\u00f3prias teorias sobre o equil\u00edbrio entre os elementos corporais, conhecidos como doshas, e recomendar-nos-iam um tratamento de ervas, massagens e posturas de yoga. M\u00e9dicos chineses, xam\u00e3s siberianos, curandeiros africanos, terapeutas amer\u00edndios – todos os imp\u00e9rios, reinos e tribos tinham as suas pr\u00f3prias tradi\u00e7\u00f5es e os seus respectivos peritos (…). A \u00fanica coisa comum \u00ed\u00a0s pr\u00e1ticas medicinais europeias, chinesas, africanas e americanas era o facto de, em todos esses lugares, pelo menos um ter\u00e7o das crian\u00e7as morrer antes de atingir a idade adulta e a esperan\u00e7a m\u00e9dia de vida se situar abaixo dos 50 anos.”<\/em><\/p>\n(pag. 133 – Cap\u00edtulo Civiliza\u00e7\u00e3o – S\u00f3 existe uma civiliza\u00e7\u00e3o no mundo<\/em>)<\/p>\n“Ent\u00e3o, como deve o estado lidar com o terrorismo? Um combate contra-terrorista bem-sucedido deve fazer-se em tr\u00eas frentes. Primeiro, os governos devem concentrar-se em ac\u00e7\u00f5es clandestinas contra as redes terroristas. Em segundo lugar, os meios de comunica\u00e7\u00e3o n\u00e3o devem perder a perspectiva, evitando a histeria. O teatro do terror n\u00e3o consegue viver sem exposi\u00e7\u00e3o medi\u00e1tica. Infelizmente, os meios de comunica\u00e7\u00e3o oferecem-na de gra\u00e7a, relatando obsessivamente ataques terroristas e inflacionando o seu perigo, uma vez que as pe\u00e7as jornal\u00edsticas sobre terrorismo aumentam muito mais as vendas do que as pe\u00e7as sobre diabetes ou polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica.”<\/em><\/p>\n(pag. 197 – Cap\u00edtulo Terrorismo – N\u00e3o entrar em p\u00e2nico<\/em>)<\/p>\n“E quanto \u00ed\u00a0 bestialidade? J\u00e1 participei em diversos debates p\u00fablicos e privados sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e h\u00e1 quase sempre um espertalh\u00e3o que pergunta: \u00c2\u00abSe permitimos o casamento entre dois homens, por que n\u00e3o permitir o casamento entre um homem e uma ovelha?\u00c2\u00bb. Do ponto de vista secular, a resposta \u00e9 evidente. As rela\u00e7\u00f5es saud\u00e1veis requerem profundidade emocional, intelectual e at\u00e9 espiritual. Um casamento que n\u00e3o tenha esta profundidade vai deixar o indiv\u00edduo frustrado, s\u00f3 e psicologicamente atrofiado. Enquanto dois homens podem certamente satisfazer as necessidades emocionais, intelectuais e espirituais um do outro, um relacionamento com uma ovelha n\u00e3o pode.<\/em>
\n(…) E o que dizer de uma rela\u00e7\u00e3o entre um pai e sua filha? S\u00e3o ambos seres humanos, ent\u00e3o qual \u00e9 o mal? Bom, v\u00e1rios estudos psicol\u00f3gicos j\u00e1 demonstraram que esse tipo de rela\u00e7\u00e3o inflige um dano imenso e geralmente irrepar\u00e1vel nos filhos. Al\u00e9m disso, reflectem e intensificam tend\u00eancias destrutivas nos pais. A evolu\u00e7\u00e3o moldou a psique do Sapiens de modo que as rela\u00e7\u00f5es rom\u00e2nticas n\u00e3o se misturem com as rela\u00e7\u00f5es parentais. Assim, n\u00e3o precisamos de Deus ou da B\u00edblia para nos opormos ao incesto – basta lermos os estudos psicol\u00f3gicos sobre o assunto.”<\/em><\/p>\n(pag. 240 – Cap\u00edtulo Secularismo – Reconhecer a nossa sombra<\/em>)<\/p>\n“O poder do pensamento grupal \u00e9 t\u00e3o inexor\u00e1vel que \u00e9 dif\u00edcil romper com a sua influ\u00eancia mesmo quando as perspectivas em causa parecem bastante arbitr\u00e1rias. Assim, nos EUA, os conservadores de direita tendem a importar-se menos com coisas como a polui\u00e7\u00e3o e as esp\u00e9cies em vias de extin\u00e7\u00e3o do que os progressistas de esquerda, motivo pelo qual o Louisiana tem leis ambientais muito mais permissivas do que o Massachussetts. Estamos habituados a esta situa\u00e7\u00e3o, pelo que damos como banal, mas, na verdade, \u00e9 surpreendente. Seria de pensar que os conservadores se importariam muito mais com a conserva\u00e7\u00e3o da velha ordem ecol\u00f3gica e com a protec\u00e7\u00e3o das suas terras, as suas florestas e os seus rios ancestrais. Por sua vez, seria de esperar que os progressistas estivessem muito mais abertos a mudan\u00e7as na natureza, especialmente se o objectivo fosse acelerar o progresso e aumentar a qualidade de vida dos seres humanos. No entanto, uma vez estabelecidas as directrizes partid\u00e1rias quanto a um tema, devido a v\u00e1rias particularidades hist\u00f3ricas, torna-se normal para os conservadores desvalorizarem as preocupa\u00e7\u00f5es com rios polu\u00eddos e com o desaparecimento de aves, ao passo que os progressistas de esquerda tendem a recear qualquer altera\u00e7\u00e3o \u00ed\u00a0 velha ordem ecol\u00f3gica”.<\/em><\/p>\n(pag. 256 – Cap\u00edtulo Ignor\u00e2ncia – Sabemos menos do que julgamos<\/em>)<\/p>\nVale a pena ler.<\/p>\n
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Depois de lermos, com muito agrado, o primeiro livro deste historiador israelita, Sapiens, avan\u00e7\u00e1mos para este, que \u00e9 o seu terceiro livro, e ainda gost\u00e1mos mais. O livro est\u00e1 dividido nas seguintes partes: O Desfio Tecnol\u00f3gico, o Desafio Pol\u00edtico, Desespero e Esperan\u00e7a, Verdade e Resili\u00eancia. Cada uma destas partes, encerra diversos cap\u00edtulos, num total de […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"jetpack_post_was_ever_published":false,"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[6],"tags":[61,983,1160],"class_list":["post-7852","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-lido","tag-livros","tag-sociedade","tag-yuval-noah-harari"],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p2Cpjx-22E","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7852","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7852"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7852\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7852"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7852"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7852"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}