A D. Maria do Amparo era devota de S. Jo\u00e3o. Sabia\ntudo sobre o Santo que \u00e9 sempre representado na companhia de um cordeirinho.<\/p>\n\n\n\n

Sabia que ele nascera cerca de dois anos antes do\nnascimento de Cristo, em Aim Karim, uma aldeia a apenas seis quil\u00f3metros de\nJerusal\u00e9m; sabia que o pai se chamava Zacarias e era sacerdote, e que a m\u00e3e se\nchamava Isabel.<\/p>\n\n\n\n

Sabia tamb\u00e9m que Jo\u00e3o morrera jovem, com apenas\ntrinta anos, v\u00edtima de uma decapita\u00e7\u00e3o, a 24 de Junho e que Salom\u00e9 recebera a\nsua cabe\u00e7a numa bandeja de prata.<\/p>\n\n\n\n

Quanto ao apelido Baptista, a D. Maria do Amparo\nsabia perfeitamente que tinha a ver com baptizado, que era uma coisa que, aparentemente,\nJo\u00e3o gostava de fazer.<\/p>\n\n\n\n

Em resumo, a senhora achava o c\u00famulo do\nsacril\u00e9gio, andarem todos a saltar e a dan\u00e7ar, a beber e a comer, e a baterem\ncom alhos porros na cabe\u00e7a uns dos outros, no dia de S. Jo\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A 24 de Junho, devia celebrar-se, com solenidade,\na morte tr\u00e1gica desse Santo e n\u00e3o andarem todos a cometer pecados no meio da\nrua.<\/p>\n\n\n\n

Por essa raz\u00e3o, o dia 24 de Junho era o pior dia\ndo ano para a D. Maria do Amparo.<\/p>\n\n\n\n

Na sua varanda, mesmo em frente ao Jardim do\nCoreto, sentia o cheiro das sardinhas assadas e dos churros e ouvia o\nburburinho da multid\u00e3o em festa e sentia-se revoltada.<\/p>\n\n\n\n

Fechou a janela, mas, mesmo assim, o ru\u00eddo\npercutia-lhe os t\u00edmpanos.<\/p>\n\n\n\n

Dentro da sua cabe\u00e7a, ecoava a palavra pecado<\/em>!<\/p>\n\n\n\n

Resolveu sair de casa, atravessar o Jardim do Coreto\ne refugiar-se na igreja.<\/p>\n\n\n\n

A frescura da igreja fez-lhe bem e come\u00e7ou a\nrelaxar.<\/p>\n\n\n\n

Foi ent\u00e3o que ouviu uma voz sussurrar-lhe junto ao\nouvido: vai divertir-te, Maria do Amparo! De que est\u00e1s \u00ed\u00a0 espera? Depois de\nmorreres, tudo acabou\u2026<\/p>\n\n\n\n

Quem est\u00e1 a falar comigo? “\u201c perguntou a D. Maria\ndo Amparo, aflita.<\/p>\n\n\n\n

Sou eu, o S\u00e3o Jo\u00e3o Baptista\u2026 deixa-te de beatices\ne vai dan\u00e7ar, mulher, que o teu corpo j\u00e1 cheira a bafio! “\u201c exclamou o Santo “\u201c e\nfoi-se embora, seguido sempre pelo fiel cordeirinho.<\/p>\n\n\n\n

No dia seguinte, a D. Maria do Amparo aderiu \u00ed\u00a0s\ntestemunhas de Jeov\u00e1, ainda a tempo de ir ao Est\u00e1dio da Luz, assistir ao\nCongresso.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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