A sua rela\u00e7\u00e3o com a professora de piano vai ser marcante para a sua vida. Entre os 14 e os 16 anos, Miriam Cornell toma Roland como seu escravo sexual. Ele consegue libertar-se, mas essa mem\u00f3ria vai perdurar por toda a vida. Mais tarde, outro epis\u00f3dio tamb\u00e9m deixa marcas: a sua mulher abandona-o, a si e a um filho de meses, porque se quer tornar uma grande escritora. E j\u00e1 quase no fim da vida, enfrenta a morte inesperada de uma \u00faltima companheira.<\/p>\n\n\n\n

O livro tem passagens que merecem ser citadas e aponto aqui apenas algumas, caso contr\u00e1rio, teria que transcrever quase todo o livro.<\/p>\n\n\n\n

Na p\u00e1gina 32, Roland fala do coc\u00f3 do filho Lawrence:<\/p>\n\n\n\n

“\u2026Sem fazer barulho, Lawrence fez coc\u00f3 enquanto dormia. O cheiro n\u00e3o era assim t\u00e3o mau. Uma das descobertas da meia-idade “\u201c o qu\u00e3o depressa come\u00e7amos a tolerar a merda da pessoa que amamos. \u00c9 uma regra geral.”\u009d<\/em><\/p>\n\n\n\n

Eu acrescentaria: \u00e9 dos livros!<\/p>\n\n\n\n

\u00ed\u20accerca da rela\u00e7\u00e3o entre pais e filhos, nos anos 1950:<\/p>\n\n\n\n

“\u2026Nos anos cinquenta, muitos pais n\u00e3o eram muito pr\u00f3ximos dos filhos, especialmente das filhas. Abra\u00e7os, express\u00f5es de amor, eram considerados demasiado vistosos, demasiado embara\u00e7osos. A sua pr\u00f3pria inf\u00e2ncia foi t\u00edpica. Palmadas nas pernas, no rabo, eram comuns. As crian\u00e7as, por muito amadas que fossem, tinham de ser educadas e n\u00e3o ouvidas.”\u009d<\/em><\/p>\n\n\n\n

Sobre a rela\u00e7\u00e3o especial de Roland com uma das suas netas:<\/p>\n\n\n\n

“\u2026Ficava comovido pela forma como ela o procurava para lhe apresentar as suas reflex\u00f5es solenes ou as suas perguntas ponderadas, ou para insistir que ele se sentasse ao lado dela nas refei\u00e7\u00f5es. Queria saber coisas do seu passado. Ficava fascinada pelas evid\u00eancias claras da pujante vida interior de uma crian\u00e7a de seis anos. (…) Achava que Stefanie o considerava um bem antigo e extremamente precioso, cuja exist\u00eancia fr\u00e1gil tinha o dever de conservar. Sentia-se lisonjeado sempre que ela lhe dava a m\u00e3o.”\u009d<\/em><\/p>\n\n\n\n

Finalmente, quando Roland enfrenta a lenta e dolorosa agonia da pessoa que ama, fala sobre a eutan\u00e1sia.<\/p>\n\n\n\n

“\u2026Tinham passado dois s\u00e9culos antes de o establishement ter achado que valia a pena olhar por um microsc\u00f3pio para examinar os microrganismos que Antoine van Leeuwenhoek tinha descrito em 1673. Estava contra a higiene porque era um insulto \u00ed\u00a0 profiss\u00e3o, contra a anestesia porque a dor era um elemento de doen\u00e7a dado por Deus, contra a teoria germinal da doen\u00e7a porque Arist\u00f3teles e Galeno pensavam o contr\u00e1rio, contra a medicina baseada na evid\u00eancia porque n\u00e3o era assim que as coisas eram feitas. Agarraram-se \u00ed\u00a0s sanguessugas e \u00ed\u00a0s sangrias durante o m\u00e1ximo tempo poss\u00edvel. Em meados do s\u00e9culo XX, defenderam a amigdalectomia maci\u00e7a das crian\u00e7as, apesar das provas. Um dia, eles chegariam ao direito de uma pessoa racional escolher a morte em vez de uma dor insuport\u00e1vel e imposs\u00edvel de amenizar.”\u009d<\/em><\/p>\n\n\n\n

Livro que deve ser lido j\u00e1!<\/p>\n\n\n\n