Rosa Montero (Madrid, 1951) explica, no final do livro, que esta \u00e9 uma reedi\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que A Louca da Casa<\/em> foi editado, pela primeira vez, em 2003. Ter\u00e1 sido o primeiro t\u00edtulo de uma trilogia que a autora apelida de artefactos liter\u00e1rios, uma vez que n\u00e3o s\u00e3o bem um ensaio, muito menos um romance, mas t\u00eam ingredientes de ambos.<\/p>\n\n\n\n Os outros dois t\u00edtulos da trilogia s\u00e3o: A Rid\u00edcula Ideia de N\u00e3o Voltar a Ver-te<\/a><\/em>, publicado em 2013, e O Perigo de Estar no Meu Perfeito Ju\u00edzo<\/a><\/em> (2022). Curiosamente, cada t\u00edtulo est\u00e1 separado do seguinte por cerca de dez anos.<\/p>\n\n\n Neste A Louca da Casa<\/em>, Rosa Montero fala sobre a imagina\u00e7\u00e3o e como ela domina o acto de escrever romances, de tal modo, que a autora conta alguns epis\u00f3dios da sua vida e conta-os em diversas vers\u00f5es. O leitor fica sem saber qual dessas vers\u00f5es ser\u00e1 a verdadeira, se \u00e9 que alguma delas \u00e9.<\/p>\n\n\n\n Rosa Montero pouco mais velha que eu \u00e9, e isto que ela diz sobre o envelhecimento, \u00e9 bem verdade:<\/p>\n\n\n\n “\u2026O envelhecimento \u00e9 um processo org\u00e2nico lament\u00e1vel que tem apenas duas coisas boas (a primeira \u00e9 que, se nos esfor\u00e7armos, aprendemos algumas coisas; e a segunda, \u00e9 ser a melhor prova de que ainda n\u00e3o morremos) e muitas outras p\u00e9ssimas, como, por exemplo, os neur\u00f3nios destru\u00edrem-se \u00ed\u00a0s m\u00e3os cheias, as c\u00e9lulas se deteriorarem e se oxidarem, a gravidade puxar o corpo em direc\u00e7\u00e3o \u00ed\u00a0 terra-campa enfraquecendo os m\u00fasculos e dependurando as carnes. Pois bem, a todos esses pesares, e a outros que n\u00e3o cito, \u00e9 poss\u00edvel que tamb\u00e9m se some um fastio acabrunhante da realidade, a perda progressiva da nossa capacidade de fantasia, o anquilosar da imagina\u00e7\u00e3o.”\u009d<\/em><\/p>\n\n\n\n A prop\u00f3sito das t\u00e9cnicas que os romancistas usam para escrever as suas obras, Montero cita diversos outros autores. Destaco esta cita\u00e7\u00e3o de Mark Twain:<\/p>\n\n\n\n “\u2026O livro relata uma hist\u00f3ria ainda mais inquietante sobre Mark Twain, que, em adulto, contou a um jornalista que tinha tido um irm\u00e3o g\u00e9meo, Bill, com quem se parecia tanto que ningu\u00e9m conseguia distingui-los, ao ponto de terem de colocar-lhes cordelinhos coloridos nos pulsos para saber quem era quem. Pois bem, um dia deixaram-nos sozinhos na banheira e um deles afogou-se. E, como os cord\u00f5es se tinham soltado, \u00c2\u00abnunca se soube qual dos dois tinha morrido, Bill ou eu\u00c2\u00bb, explicou Twain placidamente ao jornalista”\u009d.<\/em><\/p>\n\n\n\n Tamb\u00e9m Rosa Montero fala, neste livro, da sua irm\u00e3 g\u00e9mea Martina, e ficamos na d\u00favida se ela n\u00e3o estar\u00e1 a seguir o exemplo de Mark Twain, inventando uma hist\u00f3ria que, afinal, pode ser verdadeira.<\/p>\n\n\n\n Mais um bom livro desta escritora castelhana.<\/p>\n\n\n\n Ver ainda: Instru\u00e7\u00f5es Para Salvar o Mundo<\/a><\/em>; A Boa Sorte<\/a><\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Rosa Montero (Madrid, 1951) explica, no final do livro, que esta \u00e9 uma reedi\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que A Louca da Casa foi editado, pela primeira vez, em 2003. 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