Em 1962, os belgas Goscinny e Tabary criaram uma personagem de banda desenhada a que deram o nome de Iznogoud. Trata-se de um grão-vizir que se quer tornar califa e tudo engendra para o conseguir. É um ser desprezível, que recorre í mentira, í trapaça, í s armadilhas mais torpes, no sentido de tirar o califa do Poder e ficar com o seu lugar.
João Miguel Tavares é um cronista que partilha com Iznogoud todas essas qualidades. Aproveita todo o rabo de notícia para construir um ataque ao governo. No fundo, Tavares, tal como Iznogoud, quer tirar o governo do Poder e colocar lá alguém do seu agrado.
Ao longo das últimas crónicas, Tavares tem acusado membros do governo, incluindo o Costa, de dizerem meias-verdades ““ isto é, não estão propriamente a mentir, mas também não dizem a verdade toda.
E afinal, Iznogoud faz o mesmo. Constantemente. É a sua técnica habitual.
O título da crónica de hoje, por exemplo, é este “…Visitar Viktor Orbán e esquecer Pedrógão Grande”.
António Costa assistiu a parte de um jogo de futebol, sentado ao lado do primeiro-ministro húngaro. É verdade. E António Costa não foi a Pedrógão Grande no sexto aniversário dos grandes incêndios. Também é verdade.
Mas, acontece que Costa não foi visitar Orbán. Dizer isso é mentir. E Costa não esqueceu os incêndios de Pedrógão. Dizer isso também é mentir.
Portanto, que credibilidade merece um cronista que mente assim, tão descaradamente?
A mesma que nos merece um personagem de banda desenhada.
Desprezível.