Depois da bodega que li (A Verdade sobre o Caso Harry Quebert), este romance de John Le Carré limpou-me a cabeça!
Ainda há muita gente a escrever bem histórias policiais e/ou de espionagem.
John Le Carré é um especialista, claro.
Nascido em 1931, Le Carré – aliás, David John Moore Cornwell – é autor de dezenas de romances, muitos deles adaptados ao cinema e este Our Kind of Traitor não destoa.
Um casal britânico, ela advogada, ele professor universitário, vagamente esquerdistas, tipo esquerda-caviar, passam férias nas Caraíbas, antes de um eventual casamento. É aí que conhecem um russo e a sua estranha família e acabam por embarcar numa aventura que envolve lavagem de dinheiro, serviços secretos ingleses e muito mais (confesso que não percebi tudo… o que, aliás, é habitual nas histórias de Le Carré…)
A história é bem actual, pelos vistos. No final da história, o autor publica uma notícia do The Observer, de dezembro de 2009, que divulga a eventual colaboração entre os barões da droga, os seus biliões de euros/dólares e os bancos ingleses. De algum modo a Grã-Bretanha escapou í crise…
Uma citação, quando o russo se dispõe a por a boca no trombone, em troca de asilo político:
«- Terá simplesmente de acreditar na nossa palavra.
– Na palavra do seu Serviço?
– Por agora, sim.
– A que propósito? Não são vocês tidos como os cavalheiros que mentem para bem do seu país?
– Isso são os diplomatas. Nós não somos cavalheiros.
– Então mentem para salvar a pele.
– Isso são os políticos. Não tem nada que ver uma coisa com a outra».