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O Coiso
Um dia destes...

Agosto 2003:


| As traduções dos títulos dos filmes | O atentado de Bagdad | Mortos pelo calor | Idi Amin morreu | Conan, o Bárbaro, governador da Califórnia |Cristiano Ronaldo, que lindo nome! | Incêndios - mais um reallity show | Coisas que acontecem | O engano da União Europeia | A demissão do CEME |


Domingo, 31
As traduções dos títulos dos filmes
É coisa que não se entende. Está-se mesmo a ver que “City by the sea” se deve traduzir por “Cidade à beira-mar” – até porque é exactamente esse o sentido dessa frase; a acção do filme passa-se, em grande parte, em Long Beach, conhecida como “the city by the sea”. Mas o tradutor português é mais esperto que nós e achou que “cidade do passado” é que estava correcto e nós somos todos ignorantes, incluindo os responsáveis pelo filme.

E tem sido assim com a tradução dos títulos de muitos filmes.

Aqui vão alguns exemplos, mais ou menos ao acaso:
“West Side Story”, de Robert Wise, que se traduziria por “Uma História de West Side”, chama-se, em português, “Amor sem Barreiras”.
“Short Cuts”, de Robert Altman, que se poderia traduzir, talvez, por “Planos Curtos”, chama-se “Os Americanos”!
“Sleepers”, de Barry Levinson, que deveria ser “Adormecidos”, ganhou o título de “Sentimento de Revolta”.
“Wag the Dog”, também de B. Levinson, que se poderia traduzir por “Abana o Cão”, chama-se “Manobras na Casa Branca”! E, neste caso, até parece que o tipo que inventou o título em português não viu o filme até ao fim. Se o tivesse visto, teria percebido o título. Alguém diz, quase no final qualquer coisa como “if the dog don’t wag the tail, the tail wag the dog”.

E os exemplos podiam continuar.
Depois há os títulos sem tradução directa e que, em português, levam sempre com o substantivo “perigo”.
Exemplos:

“Blade Runner” é “Perigo Iminente”; “Legal Eagles” é “Perigosamente Juntos”; “Something Wild” é “Selvagem e Perigosa”; “Sea of Love” é “Perigosa Sedução”; “Undercover Blues” é “Extremamente Perigosos”; “Clear and Present Danger” é “Perigo Imediato” (reparem que não é “iminente” – esse era no “Blade Runner”...); “Speed” é “Perigo em Alta Velocidade”; “Get Shorty” é “Jogos quase Perigosos” (este é de morrer a rir!); “Devil’s Own” é “Perigo Íntimo” (como vêem, este não é iminente, nem imediato – é íntimo!); “The Gingerbread Man” é “Caminhos Perigosos”; “Out of Sight” é “Romance Perigoso”; “Ennemy of the State” é “Perigo Público”; “Deep Blue Sea” é “Perigo no Oceano”; “Bullworth” é “Candidato em Perigo”; “Contaminated Man” é “Perigo de Contágio”; “Changing Lanes” é “Manobra Perigosa”.

Digam lá se isto não é irritante? Que obsessão pela palavra “perigo”, mesmo em casos completamente desnecessários como, por exemplo, em “Contaminated Man”, que quer dizer, obviamente, “Homem Contaminado” e não “Perigo de Contágio”!

Quantos aos filmes do 007, por exemplo, só mais recentemente decidiram começar a traduzir-lhes os títulos como deve ser porque, nos primeiros anos, foi uma desgraça.

Assim, “Dr. No”, tão fácil de traduzir por “Dr. Não”, chama-se, em português, “Agente Secreto”; “From Russia with Love” é “Ordem para Matar”; “The Spy who Loved me” é “O Agente Irresistível”; “For Your Eyes Only” é “Missão Ultra-secreta”; “The Living Daylights” é “Risco imediato” (reparem que não é iminente, nem íntimo, mas pode ser imediato porque não é “perigo”, é “risco”!).

Depois, saiu um filme chamado “License to kill” e então, sim é que se devia ter traduzido por “Ordem para Matar” – só que já tinham gasto este título com o “From Russia with Love” (por que não lhe chamaram “Da Rússia com Amor?”; a menos que, como o filme é de 1973, o Marcello Caetano não tenha deixado porque, da Rússia, só podia vir a peste, a morte, a destruição!). Lá se desenvencilharam, traduzindo-o literalmente: “Licença para Matar”.
Mas os casos mais irritantes são aqueles em que o título original e a tradução portuguesa não tem nada a ver. O inteligente tradutor vê o filme, olha para o título original e, do alto da sua imensa esperteza, acha que o realizador é tonto e inventa um título completamente novo.

Alguns exemplos:
* “The Big Chill”, de Lawrence Kasdam. O título em português deveria ser “O Grande Calafrio” – mas o tradutor é mais esperto, mais inspirado, mais inteligente, mais culto que toda a equipa de produção e realização do filme e decidiu chamar-lhe “Os Amigos de Alex”!
* “Take the Money and Run” foi o primeiro filme de Woody Allen. Devia chamar-se, em português: “Apanha o Dinheiro e Foge”, mas ficou “O Inimigo Público nº1”!
* “The Graduate”, de Mike Nichols, é “A Primeira Noite”, em vez de “O Graduado”, ou “O Licenciado”, ou “O Finalista”.
* “The Thomas Crown Affair”, de Norman Jewison, é “O Grande Mestre do Crime”, e não “O Caso de Thomas Crown”.
* “Play it Again, Sam”, de Herbert Ross, ficou “O Grande Conquistador”.
* “Sleeper”, de Woody Allen, é “O Herói do Ano 2000”.
* “The Money Pit”, de Richard Benjamin, ficou “Um Dia a Casa Vem Abaixo”

E acho que chega para provar o que quero dizer.

Sábado, 23
O atentado de Bagdad
Na 3ª feira passada, um camião cheio de explosivos embateu contra o edifício da ONU em Bagdad. Na monumental explosão, morreram mais de 20 funcionários das Nações Unidas, incluindo Sérgio Vieira de Melo, considerado o nº2 de Kofi Anan. Melo tinha estado no governo de transição de Timor e, agora, desempenhava idênticas funções no Iraque. Os terroristas islâmicos não se limitam, afinal, a matar soldados americanos (já morreram mais de 60 desde que a guerra acabou); agora, atacam também a ONU. No fundo, os tipos odeiam tudo o que seja ocidental. Continuam a vingar-se das cruzadas. Gostariam de nos exterminar.

No mesmo dia, um palestiniano do Hamas, entrou num autocarro cheio de israelitas e fez accionar as bombas que trazia. Morreram cerca de 20 pessoas, incluindo diversas crianças. O exército israelita retaliou e destruiu a casa onde residia o suicida e, depois, assassinou mais um dirigente do Hamas. No dia seguinte, uma manifestação monstra de palestinianos vinha provar que, mais uma vez, as tréguas tinham chegado ao fim e o novo plano de paz que estava em curso foi por água a baixo.

Tudo isto me faz uma grande confusão.

Sempre me fez, aliás. E foi por isso mesmo que, quando fui jornalista, entre 1974 e 1977, me interessei pelo Médio Oriente e tentei perceber melhor o que por lá se passava. Na RTP, cheguei a ser responsável pela secção internacional. Pesquisei aqui e ali e consegui reunir muita documentação sobre o Líbano. A guerra civil tinha estalado em 1975, naquele país. No centro dessa guerra, estava o povo palestiniano; era no Líbano que estavam os grandes campos de refugiados palestinianos. Por trás dessa guerra civil, claro que estava Israel, os Estados Unidos e os países árabes vizinhos, nomeadamente a Síria, mas também o Iraque, a Arábia Saudita, o Egipto, a Líbia, enfim, os do costume. Em 1976, durante alguns meses, colaborei na “Gazeta da Semana”, publicação semanal, conotada com a esquerda, à esquerda do PCP e, para esses jornal, escrevi diversos artigos de opinião sobre temas internacionais. Comecei, exactamente, com três longos artigos de página inteira sobre o Líbano. Tentei explicar a génese da guerra civil e escalpelizar todos os intervenientes, desde a OLP de Yasser Arafat (fundada em 1956!), aos falangistas de direita, a esquerda libanesa, os grupos de inspiração síria, etc.

Nessa altura, para mim, a coisa era simples: os palestinianos e a esquerda libanesa eram os bons, os sionistas de Israel e os imperialistas dos EUA, eram os maus. Esta visão maniqueísta, no entanto, tinha sido um pouco abalada pela atitude da Síria. Este país era pró-soviético e, em princípio, devia apoiar a esquerda libanesa. No entanto, quando a guerra civil parecia bem encaminhada, com o recuo dos falangistas de direita, a Síria entrou em campo, apoiando uma facção palestiniana que, aparentemente, atacava os seus próprios irmãos. Valores mais altos se levantavam, certamente e eu ainda não tinha percebido.
E continuo a não perceber.

No entanto, para a malta do PCP e do Bloco de Esquerda, as coisas continuam a ser muito simples: o atentado contra a ONU, no Iraque, é culpa dos americanos, que não tinham nada que ocupar o Iraque. Que fácil, afinal! Nesta lógica de pensamento, a culpa dos americanos ocuparem o Iraque é de Israel. E toda a gente sabe que Israel só existe graças aos americanos. Mas Israel só foi possível depois da vitória dos aliados na 2ª Guerra Mundial que, como sabemos, foi desencadeada pelo Hitler. Cá estão os nazi-fascistas! São eles os principais responsáveis pelo atentado contra a ONU, no Iraque e pela morte de Sérgio de Melo!

Chegamos, assim, à conclusão que teria sido muito melhor que Hitler tivesse ganho a guerra. Os judeus seriam exterminados, não haveria Israel e os muçulmanos estavam, agora, descansadinhos, lá na Palestinha, a dizer “heil! Hitler!”, com bigodinhos pequeninos.

Mas os cabrões dos americanos ganharam a guerra!
Não há dúvida que são eles os culpados disto tudo!

Mortos pelo calor
Uma nova notícia veio ocupar o lugar dos incêndios na nossa comunicação social: os mortos pelo calor.
Em plena vaga de calor, os jornais publicavam algumas notícias sobre a polémica que tinha estalado em França: sindicatos do sector da saúde alertavam para o facto de a vaga de calor estar a provocar um aumento do número de mortos, sobretudo entre os idosos e de os responsáveis não estarem a fazer nada para combater esse facto. Falou-se em cerca de 10 mil mortos provocados pelo calor e o director-geral da Saúde francês acabou por ser demitido.
Por cá, andava tudo a apagar fogos e ninguém ligou pevide. Na nossa Unidade de Saúde recebemos uma comunicação da Direcção Geral da Saúde, que estabelecia as medidas a adoptar para combater a vaga de calor (uma série de conselhos óbvios), com a data de 14 de Agosto – já a vaga de calor estava quase a chegar ao fim!
Na RTP e, depois, no Público, um meteorologista falava em verdadeira catástrofe, reivindicando, para o calor, a causa de mais de 3 mil mortos – a maior catástrofe natural desde o terramoto de 1755!

O Instituto Ricardo Jorge divulgou agora um estudo que aponta para cerca de 1300 mortos causados pela vaga de calor. Estudaram o número de óbitos das duas primeiras semanas de Agosto deste ano e compararam com igual período do ano passado e chegaram à conclusão que a taxa de mortalidade subiu cerca de 38%, o que é estatisticamente significativo.

Como, entretanto, acabaram os incêndios e estamos em plena “silly season”, sem nada de especial para noticiar, os órgãos de comunicação social decidiram, finalmente, pegar no assunto. E, como é costume, estão a fazer merda, falando do que não sabem, nem querem saber. Eu não gosto deste governo, nem do ministro da Saúde, que me parece um tonto, ignorante das coisas da saúde – mas que raio é que os media queriam que o governo fizesse? Distribuição de água ao domicílio? Um ar condicionado para cada lar português? Decretar o fim do calor? Porra! sejamos justos! Como disse o ex-ministro da Saúde Paulo Mendo (o único, nos últimos anos que, para além de ministro, também é médico), a única coisa que se poderia ter feito, e não se fez, era uma campanha, na televisão, dando conselhos às pessoas: bebam muita água, evitem sair nas horas de maior calor, usem roupas largas e frescas, abram as janelas, refresquem-se! E tenham cuidado com os velhos e as crianças!

Ainda esta semana, quando estava na urgência, me apareceu um velhinho de 82 anos a tremer como varas verdes, acompanhado pela filha e pelo genro. Estava baralhado, confuso, não sabia a quantas andava; trazia, por cima da camisa e das calças, um roupão grosso, de inverno – como estava a tremer, tinha que ir bem agasalhado. Pus-lhe a mão na testa – gesto tão simples! Estava a escaldar. Medi-lhe a temperatura: tinha 39,5! Ninguém ainda tinha reparado, nem a filha, nem o genro, e toca a agasalhar ainda mais o velhote, para ele suar e desidratar-se. A vaga de calor já tinha passado mas, se a temperatura do ar ainda estivesse próxima dos 40 graus, como há uma semana, o velhote tinha todas as hipóteses de se desidratar e ter o eficaz enfarto do miocárdio, por exemplo.

Acho bem que se critique a Direcção Geral de Saúde, por não ter levado a vaga de calor a sério, por não se ter posto em campo mais cedo, fazendo apelos, dando conselhos, usando a televisão como ela pode e deve ser utilizada, como serviço público. Mas daí a até culpar o governo pelas mortes provocadas pela vaga de calor vai um passo demasiado largo.

Pela minha parte, como médico, não notei nada de especial, durante a vaga de calor, em termos de saúde pública. Morreu-me uma única doente, com 80 anos, acamada há 8 anos, após AVC e cuja esperança de vida já tinha sido ultrapassada há muito. Claro que fui aconselhando os doentes que iam à consulta para beberem muitos líquidos (não precisei da comunicação da DGS para fazer isso) e para evitarem os esforços físicos durante as horas de maior calor, mas este tipo de medidas só poderão ter impacto se forem veiculadas pelos órgãos de comunicação. Vejam o que se passa com o aloé vera! Bastou uma ou duas reportagens sobre as virtudes curativas desse cacto para, agora, já termos, por exemplo, um iogurte e um detergente para a roupa, à base de aloé!

Domingo, 17
Idi Amin Dada morreu
Enquanto a esperança de vida, no Uganda, deve rondar os 40 anos, o cabrão do Idi Amin conseguiu chegar aos 79 anos!

Morreu ontem, de insuficiência renal, na Arábia Saudita, onde vivia exilado há uns anos.

Idi Amin foi um dos mais sanguinários e folclóricos ditadores africanos da década de 70, apenas igualado, talvez, por Bokassa, que se autoproclamou imperador da República Centro-Africana. Sanguinário porque, dizem, foi responsável por mais de 300 mil mortos, para além de, dizem também, ter comido (literalmente) algumas das suas muitas esposas. Folclórico porque, entre outras maluqueiras, de proclamou rei da Escócia e apareceu, de kilt, na tomada de posse do seu colega Bokassa.

Amin era praticamente analfabeto, entrou para o exército colonial britânico em 1945 (o Uganda era uma colónia inglesa). Em 1962, o Uganda tornou-se independente e, dois anos depois, Idi Amin já era coronel. Entretanto, sagrara-se campeão de boxe. Em 1971, lidera um golpe de Estado e depõe o presidente Obote, passando a governar (?) o Uganda com mão de ferro, até ser deposto, em 1979. Fugiu então para a Líbia, depois Iraque e, finalmente, Arábia Saudita.

Mais algumas das suas loucuras: ofereceu-se para mediar a crise na Irlanda do Norte; afirmava que devia ser ele, e não a rainha Isabel II, a liderar a Commonwealth; fez-se transportar num palanque suportado por quatro cidadão britânicos e assim foi fotografado, num claro insulto aos antigos colonizadores; gostava que, nos documentos oficiais, fosse apresentado como “Sua Excelência o conquistador do império britânico, El Hadj, marechal doutor Idi Amin Dada, Presidente vitalício da República do Uganda, comandante-chefe das Forças Armadas Ugandesas, presidente do Conselho da Polícia e das Prisões”.

Morreu o Idi Amin – não faz cá falta nenhuma!

Sexta, 15
Conan, o Bárbaro, governador da Califórnia
Arnold Schwarzenegger candidatou-se ao cargo de governador da Califórnia e tem, segundo parece, muitas hipóteses de ser eleito. Se não for eleito pelos votos, poderá sempre conseguir o cargo à porrada.

Os meios de comunicação não deixam de chamar a atenção para o facto de Schwarzie não ter qualquer experiência política e passar directamente dos filmes para a governação de um mais importantes estados dos EUA. No entanto, nada disto é inédito. Recordo que Clint Eastwood já foi mayor de Carmel, uma cidade simpática da Califórnia, que visitámos em 1996; para já não falar em Ronald Reagan, medíocre actor que chegou à presidência dos EUA...
O Terminator não está sozinho na corrida eleitoral do próximo mês de Outubro. Ao todo, são 135 candidatos! O que não é de admirar, já que, para se poder candidatar, qualquer cidadão norte-americano só precisa de 65 assinaturas e 3 mil dólares.

Para além dos candidatos “a sério”, como Cruz Bustamonte (o nome faz pensar que seja um candidato a brincar, mas não é), que é do Partido Democrata, há os seguintes candidatos, digamos, curiosos:
- Larry Flint, director da revista pornográfica “Hustler”, cujo conflito com o Estado americano foi retratado num filme de Milos Forman;

- Mary Carey (não confundir com a cantora), actriz pornográfica de opulentas mamas e que pretende, caso seja eleita, lançar um imposto sobre os implantes de seios, o que me parece correcto; de facto, não há direito que qualquer serigaita de mamas pequeninas possa transformá-las em mamas monumentais, graças ao silicone, fazendo, assim, sombra a quem as tem bem grandes desde a adolescência!

- David Laughing Horse Robinson, chefe da tribo índia kawaiisu e que, para além de ser um cavalo que ri, afirma ser o primeiro nativo americano a concorrer ao cargo e é capaz de ter toda a razão;

- Ned Roscoe é comerciante de tabaco e representa o Partido dos Fumadores e tem já todo o meu apoio; concorre para protestar contra as restrições que o estado da Califórnia impõe aos fumadores – restrições muito mais severas do que as que estão em vigor na costa leste. Diz Roscoe que existem 4 milhões de fumadores na Califórnia e que basta que metade vote nele para ser eleito!

- Leo Gallagher é comediante e parece que é conhecido, lá na terra dele, por destruir melancias à marretada. Propõe pena de prisão para pessoas que falem muito alto ao telemóvel. Esperto, este gajo...

- Gary Coleman é segurança e afirma, com toda a frontalidade, que é a pessoa menos qualificada para o cargo de governador. É capaz de ganhar...

- Kurt Rightmeyer é lutador de sumo e seria engraçado se as eleições fossem à porrada; veríamos, assim, Conan contra o lutador de sumo – o vencedor seria governador da Califórnia.

E assim vai a democracia nos Estados Unidos... Não digam que não tem graça...

Cristiano Ronaldo, que lindo nome!
O rapazinho, de apenas 18 anos, transferiu-se para o Manchester por 15 milhões de euros, seja lá o que isso for! Como jogador de futebol, não gosto nem deixo de gostar do rapaz; acho até que é um bocado “brinca-na-areia”, que faz aquelas fintas que o pagode gosta muito mas, depois, não desenvolve, enfim, que dribula, dribula, mas não mete góis!

Mas o rapazinho ainda só tem 18 anos e pode ser que se faça, como aconteceu ao Figo; os tipos do Manchester arranjam-lhe um treinador pessoal que o vai ajudar a desenvolver a musculatura e, daqui a um ou dois anos, o tipo até se pode revelar um grande craque.

Mas vai ser difícil, com um nome daqueles. Com o Figo foi fácil. Qualquer inglês, qualquer francês, belga, estónio, grego ou chinês consegue dizer “Figo”. Agora, quem vai conseguir pronunciar “Cristiano Ronaldo”? Até a mim me custa, e falo português quase há 50 anos! Os ingleses gostam muito de diminutivos, sobretudo quando se trata de figuras públicas. Todos nos lembramos da Lady Di, em vez de Diana, e da Ferggie, em vez de Sarah Fergusson. Portanto, é muito natural que, daqui a uns tempos, o puto seja chamado de Christie, em vez de Cristiano, ou Ronnie, em vez de Ronaldo – ou mesmo Christie Ronnie, o que vai ser lindo!

Mas fiquei a saber como é que o rapazinho ganhou este lindo nome. O pai do aspirante a craque, natural da Madeira, informou que, quando a esposa estava grávida, combinaram que ela escolheria um nome e ele, outro. Vai daí, a mãe escolheu Cristiano, o que é compreensível, já que é um nome lindo de morrer. Daqui se depreende que foi o pai que escolheu Ronaldo. E porquê? Porque era fã do então presidente dos EUA, Ronald Reagan! E esta?!

Ainda bem que o pai do rapaz não era fã de um presidente da Serra Leoa, que se chama Foday Sankoh!...

Domingo, 10
Incêndios – mais um “reallity show”
Ninguém pode ficar indiferente aos incêndios que grassam em Portugal. São milhares de hectares de floresta que já arderam e a coisa continua.

Para além das discussões habituais, falta de meios, descoordenação entre os vários organismos envolvidos, de quem é a culpa?, há o folclore das televisões. Da TVI nem falo, porque me recuso a ver os noticiários daquele canal. As reportagens da RTP são relativamente contidas e aguentam-se. Na SIC vi três reportagens de ir às lágrimas!

Numa delas, um gordalhufo corria de um lado para o outro, com um ramo na mão, batendo com ele no chão, de vez em quando, sem apagar coisa nenhuma, gritando, gesticulando, dando ordens desencontradas, acompanhado por mais dois ou três idiotas que faziam o mesmo. Parecia aquele urso dos desenhos animados, que anda sempre a fugir dos caçadores, a correr de um lado para o outro. Obviamente, o homenzinho estava-se a fazer à câmara; cada vez que decidia mudar de direcção, voltava-se para a câmara e berrava “há ali mais fogo!” – e lá ia ele, a grande velocidade, abanando as banhas da barriga, com a câmara sempre em cima dele.

Numa segunda reportagem era abordada a ajuda dos soldados. Viam-se meia dúzia de soldados, a tentar apagar um incendiozinho com uns ramos raquíticos de pinheiro. Iam a correr, batiam com os ramos no chão, sempre sob as ordens do sargento, que ia gritando indicações e, depois, recuavam todos e vinham molhar as cabeças num balde com água que um colega transportava! Teria sido mais simples e eficaz despejar o balde em cima das chamas!
Outra reportagem mostrava um repórter, visivelmente aflito, junto a uma fábrica de móveis, ou coisa que o valha; ao fundo, via-se a floresta a arder e diversos bombeiros tentavam que as chamas não chegassem à fábrica. O repórter gritava, a câmara saltitava de um lado para o outro. De repente, ouve-se um estrondo e o repórter manda um grito! Alguém, de dentro da fábrica, tinha accionado um extintor e o jornalista deve ter borrado as cuecas. Mas ia fazendo a reportagem, que as chamas estavam perto, que aquilo era uma desgraça e nem se vêem os meios aéreos. E é nesse preciso momento que a câmara mostra um helicóptero que se aproxima e pimba! atira com a água toda para cima do repórter! Exultei e aplaudi!

Tudo isto é ridículo! As imagens das labaredas a consumir as florestas são mais que suficientes – não é necessário “inventar” situações para mostrar que o país está a arder!

Mas aprendi, pelo menos, uma coisa: em caso de incêndio, os aviões e helicópteros tomam o nome especial de meios aéreos!...

Domingo, 3
Coisas que acontecem
* Morreu Bob Hope. Tinha 100 anos. Afirmou, há tempos, que era tão velho que já não havia sangue do tipo dele!

* Esta semana vai ser inaugurado o Alvalade XXI, o novo estádio do Sporting. À última hora, colocaram uns écrans gigantes no estádio, que tapariam a visibilidade a cerca de 600 espectadores. Para não perderem os subsídios do Estado, os dirigentes sportinguistas arranjaram uma desculpa: ofereceram esses 600 lugares à Associação dos Cegos e Amblíopes! O responsável pelos desportistas deficientes achou ridícula esta oferta: “era como se o Benfica oferecesse os lugares que ficam junto às traves da coberta aos anões, pacientes com artroses ou políticos pequeninos”.

Pois, o novo estádio da Luz também tem deficiências na concepção. Por baixo das traves que sustentam a cobertura, se alguém se sentar, não poderá saltar na altura dos golos – caso contrário, bate com a mona na trave!

De futuro, no estádio de Alvalade, poderão escutar-se diálogos destes:
- Foi golo? – pergunta um cego para outro.
- Sei lá! Aqui, atrás do écran, ouve-se mal!...”

* A diferença entre décadas de capitalismo e décadas de comunismo é a seguinte: enquanto as adolescentes americanas, na década de 60, gritavam histericamente, quando viam os Beatles, as adolescentes chinesas, do início do século XXI, gritam histericamente quando vêem o David Beckham!

* Sinais dos tempos: agora, telefona-se a perguntar se a pessoa recebeu o nosso e-mail; envia-se um e-mail, a perguntar se a pessoa recebeu a nossa mensagem SMS; deixa-se uma mensagem no voice-mail e, depois, telefona-se a saber se a pessoa ouviu a mensagem, ou envia-se um e-mail. Que tal ir lá ter com ela?...

* No dia 1 de Agosto caiu uma chuvada torrencial na vila do Redondo, destruindo todos os arranjos que estavam preparados para a tradicional festa das flores. Em vez d chover em cima dos incêndios de Portalegre e Castelo Branco, foi chover onde não era preciso, e era, até, prejudicial.
Deus anda muito distraído... ou muito zangado...

* Maria Elisa apresentou o pedido de suspensão do seu mandato como deputada, invocando motivos médicos. No dia seguinte, apresentou-se na RTP, pronta para preparar o seu novo programa, a estrear em Outubro.
Coisas da fibromialgia...

* A Libéria é um país inventado pelos americanos. No final do século XVIII, era preciso encontrar um sítio para onde enviar os ex-escravos americanos, que acabavam de se libertar dos grandes senhores do Sul. De preferência, em África – já que esses escravos eram todos negros. E em que lugar de África? Em qualquer lugar, pensaram os americanos... para os negros, qualquer lugar do continente africano devia servir. E fizeram como já tinham feito com Manhattan, que foi comprada aos índios: compraram à Inglaterra um pedaço da Serra Leoa, colónia britânica. Chamaram Libéria a esse pedaço de terra e, à sua capital, Monróvia – em honra ao presidente dos EUA, James Monroe! E para lá enviaram cerca de 20 mil ex-escravos, borrifando-se para a malta que já lá vivia. Tm-se visto as consequências.

Imaginem que o nosso governo pegava, por exemplo, nos arguidos do caso Moderna, comprava um pedaço da ilha do Príncipe e espetava lá com eles. Depois, em honra ao nosso 1º ministro, chamava a essa nova terra, Barroseira de Baixo.

* Mais duas americanices: vai ser criada, na Village, a primeira escola secundária só para gays. Terá capacidade para cem alunos, chamar-se-á Harvey Milk High e só aceitará homossexuais, bissexuais e transexuais! A 2ª americanice: saiu a revista “Tall”, destinada, apenas, aos homens com mais de 1 metro e 85 e mulheres com mais de 1 metro e 73; slogan: “a vida pode ser curta, mas nós não somos”.
Este é um dos cúmulos da democracia: a ditadura das minorias!

Sábado, 2
O engano da União Europeia
Portugal está em chamas! O distrito de Castelo Branco arde há dias! Os meios são escassos. O ministro da Administração Interna declarou o estado de catástrofe e, ontem à noite, pediu ajuda à União Europeia; pediu, expressamente, seis aviões.

A União Europeia enganou-se e enviou chuva!

A demissão do CEME
O Chefe do Estado Maior do Exército pediu a demissão porque, segundo disse o general Viegas, perdeu a confiança no ministro da Defesa, Paulo Portas.

Os oito generais que já foram CEME desde o 25 de Abril, reuniram-se num jantar de solidariedade com o general Viegas. À entrada para o jantar, o general Viegas disse que “perder a confiança no ministro não é a mesma coisa que perder um porta-moedas”.

Ficámos a saber que, se o CEME perder, no futuro, o seu porta-moedas, isso não será motivo para pedir a demissão.
Mas resta uma dúvida: e se ele perder a carteira? Será que a carteira será equivalente ao ministro da Defesa.

Penso que não... sejamos sensatos: penso que a perda de confiança no ministro Paulo Portas deve ser equivalente a, digamos, perder a carteira, o telemóvel e as chaves do carro....

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Actualizado em: 31 Agosto 2003
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