Pau de Canela Nº2 (19/4/85)
Aqui Cultura – Cartaz
de Cinema
Lisboa
* Alfa Um – “Pastagem na Índia”
– filme bucólico sobre vacas indianas
que pastam tranquilamente nas margens do Ganges.
* City Cine – “O Lagar do Porto”
– grande êxito da cinematografia nacional;
a história de um ardina que se apaixona por
uma caixeira-viajante enquanto pisa as uvas no seu
lagar.
* Estúdio – “A Lêndea de
Tarzan” – a drama da progenitora do primeiro
piolho que habitou o couro cabeludo do rei da Selva.
* Las Vegas – “Ama a Deus” –
filme religioso em que Judas é interpretado
por Salieri.
* Nimas – “Um Lugar no Coração”
– as aventuras de uma mulher que salta de uma
aurícula para um ventrículo, acabando
por is parar à aorta, ficando entalada num
aperto mitral.
Arredores
* Algés (2000) – “Os Deuses Devem
Estar Roucos” – berram que se fartam,
lá do alto do Olimpo, mas ninguém lhes
liga.
* Odivelas (Cine Oceano) – “Indiana Jones
e o Tempo Perdido” – filme um bocado parado
durante o qual Indiana fica sentado num banco, a ver
o tempo passar.
Porto
* Charlot – “Paris-Texas” –
drama de um aventureiro que tenta ir de Paris ao Texas
de comboio.
* Lumiére – “Um Mulher Púbica”
– comédia que nos conta a história
de uma senhora púdica que não se importa
de expor os púbicos em público.
Flash Noticioso
* Falecimento – foi inesperado. Segundo consta,
estava a ler o jornal quando. Funeral amanhã.
* Concurso – começaram as provas. O
júri já foi constituído. Concorrentes
às centenas.
* Acordo político – finalmente conseguido.
O secretário-geral de um e o presidente do
outro cumprimentaram-se. Assinatura ainda esta tarde.
* Nova central nuclear – praticamente concluída.
Inauguração prevista para. O gradeamento
é bonito.
* Transferência desportiva – foi ontem.
Vários milhares de contos. Por dois anos. Renovável.
* Exposição nas Belas Artes –
quadros a óleo do famoso pintor. Primeiro-ministro
convidado. Fecha no fim do mês.
Discos Perdidos - Alphaville
– Betamax
Ouvem-se os Alphaville como quem descasca pessegueiros.
A batida taquicardica faz-nos vibrar os supracílios,
sobretudo se nos recordarmos que este grupo é
oriundo. O título do álbum é
sugestivo: “Forever Young”, que é
como quem diz, “É pá, tás
na mesma, não há meio de envelheceres!...”
Mas envelhecem! Basta dar uma olhadela aos telediscos
enquanto nos barbeamos ou passeamos o cocker spaniel,
para nos apercebermos da falta de saúde dos
três elementos deste grupo que, como já
foi dito, é oriundo. Um deles é amarelo
e escancara umas olheiras dignas de um insone militante.
Dir-se-á que passa noites consecutivas com
alfinetes espetados nas pálpebras, a fim de
se manter bem desperto. Objectivo: compor temas como
“Grande no Japão”, um verdadeiro
hino à insularidade daquele país que
é, sem dúvida, o maior produtor mundial
de relógios que, apesar de tudo, também
dão horas.
Embora o disco já já do ano passado,
pode ouvir-se no decorrer do corrente mês, ou
até daqui a seis meses – a menos que
esteja muito riscado, o que é sinal de um uso
excessivo, tendo em atenção a textura
dos arranjos e o diâmetro do buraco que o vinil
transporta no meio. Claro que tudo isto se desculpa
se levarmos em linha de conta o facto dos Alphaville
serem oriundos. Compreende-se...
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* Precisa-se serralheiro – muito urgente! Pisguei-me
há 5 dias e os chuis estão mesmo atrás
de mim.
* Assistentes – precisam-se para assistir à
reuniões do conselho de administração
de grande empresa. A sala está sempre às
moscas.
* Testemunha ocular – de acidente ocorrido
na Rua Direita. Torço-te o pescoço se
falares!
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