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O Coiso
O melhor do meu Uma Vez por Semana

 

 

Nº 3 – programa emitido a 15/2/1986

História das relações sexuais – o incesto e o papel do prepúcio no Antigo Egipto
Pouco se sabe sobre as relações sexuais entre os egípcios da Antiguidade, embora esteja provado que existiam.
A ideia de que os egípcios faziam sempre amor de lado parece errada, uma vez que, segundo papiros encontrados nas margens do Nilo, pelo menos dois casais egípcios foram apanhados atrás da pirâmide de Keóps, fazendo amor “a tergo”. Mutantes, provavelmente...
Mas o que nos interessa é o incesto, isto é, relações sexuais entre irmão e irmã. Era uma prática vulgar no antigo Egipto. Liberalismo sexual? Espíritos desregrados? Balda completa? Rebaldaria alicerçada? Simples distracção? Questão de feitio? Nenhuma destas perguntas obteve resposta.
O facto é que, a única forma de conservar a fortuna de uma família era casar o irmão com a irmã – não fosse surgir algum marmanjo pronto a desflorar a herdeira e a estoirar a herança.
Aliás, o incesto era tão natural entre os egípcios que os próprios deuses, Ísis e Osíris, que eram irmãos, se uniram sexualmente, para dar o exemplo.
Claro que o casamento entre irmãos aumentava o risco de doenças congénitas. As taras do irmão, juntavam-se às da irmã e os filhos vinham completamente tarados. Assim terminou o Antigo Egipto.
Hoje em dia, o incesto é proibido, mas arranjam-se outros truques (ou arranjinhos) para que as fortunas se mantenham sempre em poder das mesmas famílias. Mas isto já não pertence a esta história...
Voltando ao Egipto: foi aí que nasceu a prática da circuncisão – talvez como prova de coragem, quando era praticada nas cerimónias de iniciação da adolescência. Quer isto dizer que, quando um adolescente se queria iniciar no sexo, sacava da faca e rapava o prepúcio.
No antigo Egipto, possuir prepúcio era considerado um costume bárbaro. Hoje em dia, é uma questão de fimose, que é como quem diz, de aperto...

Sonhos – electrodomésticos
Hoje em dia, sonhar com electrodomésticos é tão banal que atinge o marasmo de um bocejo divino. No entanto, algumas pessoas que sonham com electrodomésticos devem acautelar-se, pois que o conteúdo erótico desses sonhos pode pôr em perigo sua integridade física.
Analisemos dois casos tipos.
O primeiro é o caso do indivíduo do sexo masculino que sonha insistentemente com aspiradores. A coisa é mais perigosa se os aspiradores se encontram ligados à corrente e se ambos, sonhador e aspirador, estão em recintos fechados, como quartos de banho, despensas ou ascensores. Estes indivíduos vêem, no aspirador, uma figura feminina devoradora e sentem por ela uma atracção suicidária. Aconselhamos que verifiquem a voltagem (os 120 volts são perigosíssimos), despejem o saco antes de se deitarem e protejam os órgãos genitais com folhas de zinco.
O segundo caso refere-se a mulheres que sonham permanentemente com secadores de cabelo. O secador de cabelo possui uma saliência obviamente fálica e, para além de emitir calor, apresenta geralmente duas ou três velocidades. Estas características técnicas são a base para sonhos cuja descrição é impossível, mesmo num programa deste tipo. Estas mulheres devem usar o cabelo curto e arranjar um amante rapidamente.
A variedade de electrodomésticos impede-nos de enumerar o significado patológico de todos os sonhos-tipo. No entanto, não deixaremos de salientar alguns pontos: sonhar com aparelhos de ar condicionado pode revelar tendências para relações oro-genitais recalcadas, devido à possibilidade de esses aparelhos poderem fornecer ar frio ou quente, bastando para tal rodar um botão. Sonhar com frigoríficos é obviamente sinal de frigidez – passe a sonhar com radiadores. Sonhar com fornos micro-ondas tem relações evidentes com sodomia e o estranho hábito de mascar pastilha elástica durante o acto. Acrescente-se que sonhar com torradeiras é quase tão descabido como ouvir rádio num aquecedor a óleo e que sonhar com batedeiras revela uma tendência recalcada para a masturbação.
Em conclusão, sonhar com electrodomésticos pode ter os seus pontos positivos. No entanto, os candidatos a este tipo de sonhos lúbricos devem sempre munir-se de fita isoladora e busca-pólos. Em último caso, use pilhas alcalinas: duram mais e não se babam tanto...

Relações bizarras – o dentista
Comecei a sentir-me atraído por ela naquela tarde, quando a minha cliente abriu bem a boca, exibindo uma cárie monumental.
Por momentos, e como bom profissional que sou, concentrei-me no dente que necessitava de extracção. Não foi preciso muito tempo para perceber que seria uma extracção difícil e que a anestesia teria que ser troncular. Senti então que a perspectiva de a ter entre as mão me encheu de alegria.
A minha cliente continuava de boca aberta e informei-a de que seria necessário a anestesia. Encolheu os ombros, resignada, pôs-se a jeito e eu peguei-lhe cheio de emoção. Tinha as mãos húmidas de suor e percorria-me o corpo um frémito de excitação. Trémulo, preparei-a com ternura, olhei-a de todos os ângulos, enchi-a com o líquido e pareceu-me que sorria... Depois, meti-lhe o êmbolo, lentamente, para não lhe ferir as faces interiores, lentamente, como quem tenta abrir uma fechadura sem ruído, lentamente, como quem penetra numa caverna cujo conteúdo desconhece... Apontei-a ao pilar amigdalino e enterrei-a no músculo, mesmo até aos copos. A minha doente contraiu-se, mas pouco. A anestesia estava já a fazer efeito...
Quando fechei o consultório, levei-a para casa e depositei-a no sofá da sala. Como era bela!... As suas formas arredondadas, sem uma falha, sem uma beliscadura; o seu êmbolo correcto e eficaz, entrando e saindo sem um gemido, sem um roçar de estruturas; a sua agulha afilada e penetrante... Toda ela me causava uma sensação estranha, que só os apaixonados conhecem...
O suor brotava-me das têmporas e a minha excitação atingia o auge. Por isso, nãome contive e atirei-me a ela, percorri-a com amplexos loucos, abracei-a em todas as direcções e unimo-nos com o calor da lava e a raiva dos loucos...
Desde esse dia que vivo com a minha seringa – sem uma zanga, sem um desencontro. Mas, para ser sincero, devo confessar que ando de olho no alicate... As suas pernas põe-me fora de mim...

Útero ó vários?
Já alguém disse que se o homem tivesse ovários, útero galo cantaria. Afirmação errada, claro, já que não é apenas o útero o responsável pela maternidade, mas também as trompas, o Alfredo da Costa e órgãos vários. Os ovários, por exemplo. A dificuldade está, muitas vezes, na comunicação. Para que ela exista, não é suficiente que haja um receptor e um emissor, mas é também necessário que a transmissão se processe de molde a que seja perceptível.
Por exemplo, se alguém disser “a minha mulher tem útero”, está tudo bem. No entanto, se disser “a minha mulher tem outro”, já as coisas mudam de figura. Pior ainda se se disser que a mulher tem outro útero. Por útero lado, se ela sofrer de uma dor abdominal e for ao ginecologista, pode perguntar: “Sr. Dr., isto é do útero?”
“Ó vários!...” – pode responder o médico. E a confusão fica estabelecida. Será que uma mulher com um útero ó vários pode ser considerada normal? Mas, sem ovários, a coisa também não estará muito certa. Quanto a estes órgãos, serão dois ovários ou vários? É que vários ovários e outros úteros, para além dos dois ovários e do útero, gera a confusão na mente de qualquer demente – deste, daquele ou doutro, ou dútero ó vários.
Suponhamos então que uma mulher tem trompas, útero ó vários. É normal em democracia ou é uma aberração? E uma aberra são quantas? Ter um útero ó vários, ter outros ovários, ou ter útero e ovários ou outros ovários?
A democracia é, de facto, difícil!...

Se os homens tivessem um olho suplementar no indicador
Se os homens – e apenas os homens – tivessem um olho suplementar no indicador, a vida estaria muito mais facilitada, embora alguns inconvenientes não fossem de desprezar.
Se os homens tivessem um olho no indicador poderiam sempre ver o que se passava nas suas costas, sem serem obrigados a virar a cabeça. Bastava executar um gesto ingénuo como, por exemplo, coçar a nuca e logo teriam uma panorâmica do que, ou de quem, estaria atrás deles.
Se os homens tivessem um olho no indicador, escusavam de se agachar para ver através da fechadura. Bastaria encostar o dedo ao buraco e manterem-se bem erectos, assobiando qualquer coisa para disfarçar.
Se os homens tivessem um olho no indicador, as relações amorosas seriam largamente beneficiadas. Esse olho suplementar seria o guia, o batedor que abriria caminho para outras acções corporais aparentemente mais complicadas, quando executadas apenas pela ajuda do tacto. Seria o caso de qualquer tipo de afagos realizados por baixo dos lençóis com luz ambiente muito fraca. Neste caso, Se os homens tivessem um olho no indicador, escusariam de se enfronhar no calor dos lençóis, quase que asfixiando, bastando percorrer a cama e, obviamente, o corpo da outra pessoa, com o dito indicador.
Se os homens tivessem um olho no indicador e se desejassem penetrar na intimidade de algumas mulheres, e se essas mulheres quisessem que a sua intimidade fosse violada por esses homens, não seria preciso mais do que introduzir o dedo nos decotes dos vestidos, nos machos das saias, nas aberturas dos éclairs – e tudo ficaria à vista.
Se os homens tivessem um olho no indicador, palpar e ver seriam acções conjuntas. Acabariam certas decepções do tipo: à palpação pareciam tão bem proporcionadas e, depois, quando as vi, ia caindo para o lado. Nestes casos – que não são tão raros como se pensa – o olho suplementar no indicador, daria imediatamente uma ideia da proporcionalidade, beleza, consistência, comprimento, cor, grau de macieza e toda uma série de dados tácteis e visuais.
No entanto, se os homens tivessem um olho suplementar no indicador, e na confusão do êxtase, fechasse os olhos – todos – poderia acontecer que, ao abri-los, descobrisse que o olho do indicador estava estacionado em locais pouco recomendáveis...

Zonas erógenas – a palma da mão
A forma e a constituição da palma da mão, bem como a sua mobilidade incrível, tornam-na numa das zonas erógenas mais procuradas.
Situada na face ventral da mão, a palma da própria possui uma pele algo rugosa que, uma vez passada pela espinha, faz com que todos aqueles nervos enviem mensagens indecorosas ao cérebro. Depois, como se sabe, segue-se um círculo vicioso e viciado de acontecimentos que contribuem para... embora seja necessário que outras zonas sejam igualmente... porque a palma da mão não é suficiente.
Trata-se sempre de um trabalho de grupo.
Para além de fazer parte da mão e participar em movimentos tão bons como afagar, palpar, apalpar, acariciar, dedilhar, titilar, esgaravatar ou beliscar, a palma da mão possui calos, que mais não são do que exageros da rugosidade normal – calos muitas vezes provocados por... enfim, coisas diversas... Esses calos parecem aglomerados de células epiteliais mortas – e se calhar são – mas uma mão com calos é um trunfo a não perder.
Encostar os lábios à palma da mão e beijar-lhe a pele com suavidade, lambê-la um pouco, tanto no sentido dedos-punho, como no sentido punhos-dedos, depois beijá-la com brusquidão, mordiscá-la até – provoca sensações que, enfim, estão comprovadas.
Enkel Schuman, cientista precocemente desaparecido no século XIX, estudou exaustivamente a palma da mão, sendo acusado de onanista – que é algo de que ninguém devia ser acusado. Ele sofreu pela palma da mão, mas demonstrou que a sua principal função é agarrar, de preferência com força, em partes do outro corpo. Por exemplo, e se for caso disso, a quantidade de energia acumulada atinge valores capazes de, por si só, embora nem sempre. Por exemplo, afagar os glúteos, transmite-nos mensagens que classificaríamos de pertinentes, que podem ter resultados positivos, caso a pessoa esteja para aí virada.
Em conclusão, para se usar com eficácia a palma da mão, é necessário muito tacto...

 

 

 

 

 

Actualizado em: 7 Fevereiro 2004
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