Sexta, 21
15h 20 (4h 20 em Portugal) – Chegada a Sydney
A chegada a Sydney foi acidentada. Depois de um voo óptimo,
considerando que foram 12h 20 dentro de um avião,
chegámos e fomos “apanhados” pela quarentena
australiana.
Se, alguma vez, viajarem do Quénia para a Índia
e desta para a Austrália, não comprem souvenirs
de madeira, chá, bolbos, sementes, ténis ou
outros artigos de desporto. Arriscam-se a ficar sem os souvenirs
e a pagar uma multa. Abriram-nos duas malas e ficaram muito
zangados porque trazíamos uma caixa de madeira pintada
e uma flauta para encantar serpentes que, segundo creio,
nem toca, recordações da Índia. São
artigos de madeira, não são? Então,
não os devíamos ter trazido para a Austrália.
Mas enfim, deixaram-nos ficar com os souvenirs, mas foi
aborrecido ter que abrir as malas.
Partimos então para o hotel, onde distribuíram
os quartos. Primeira confusão: registaram dois quartos
no nome de um tal Santos J. e nenhum no nosso nome. Deram-nos,
então, a chave de um quarto no 23º andar e pediram-nos
para ir ao quarto do Santos J., no 19º andar e esclarecer
as coisas. Só que o Rydges Jamison Hotel tem o sistema
do elevador seguro, isto é, para eu subir até
ao 19º andar tenho que ter o cartão de um quarto
desse andar, porque o elevador só funciona depois
de se introduzir o tal cartão numa ranhura existente
no elevador. Que decidimos nós? Fácil: subimos
até ao 23º andar (tínhamos um cartão
para esse andar) e, depois, descemos 4 andares até
ao 19º, pelas escadas. Boa ideia, não acham?
Não foi boa ideia. Depois de entrarmos nas escadas,
descobrimos, aterrorizados, que as portas só se abrem
do lado do hall do hotel! Resultado: tivemos que descer
23 andares, até à rua! No 2º andar, a
Mila ainda conseguiu abrir a porta, mas deu de caras com
uma conferência que estava a decorrer numa das salas
do hotel.
Regressámos ao lobby do hotel, cansados, todos sujos
do pó do corrimão das escadas e fomos ter
com a guia brasileira, que ficou muito espantado por nos
vir surgir da rua.
Neste momento, quase uma hora depois, continuamos à
espera das malas, finalmente no nosso quarto, agora no 22º
andar. Suspeitamos que as malas devem ter seguido para o
19º andar, para o tal Santos J. Entretanto, pedi a
um mate australiano, chamado James, para nos tratar do assunto.
Esperemos...
Tudo isto depois de 12h de voo, em que praticamente não
dormimos. É a 2ª directa desta volta ao mundo!
20h 10 – Primeiro passeio por Sydney
Estamos podres! Mais de 12h de avião e, depois, descer
23 andares a pé, deram cabo de nós!
Quase 2 h depois de termos chegado ao hotel, o mate James
e outro mate apareceram com as malas. Cinco euros para cada
um. Partimos logo para um curto passeio. O hotel fica mesmo
downtown. Comemos um big mac, trocámos dólares
por dólares australianos (“que feios que são
os dólares americanos, não acham?” –
disse o empregado da casa de câmbios; “um dinheiro
tão forte e tão feio!” De facto, os
dólares australianos são bem bonitos e as
notas são em plástico).
Fomos até ao porto de Sydney, a um sector chamado
The Rocks, de onde se avista a Opera House e a Harbour Bridge.
Muito agradável, fazendo lembrar os pier de Nova
Iorque e San Francisco; os aranha-céus junto ao porto
fazem lembrar Battery Park.
Comemos uma sandes e bebemos uma Coca Cola e, às
20h 30 estamos prontos para dormir, pestanejando perante
as notícias da guerra, na CNN.
O quarto é óptimo, móveis modernaços,
vista sobre a cidade, com a torre de comunicações
mesmo em frente; e a casa de banho é óptima,
com a tal banheira junto à janela; a luz do sol,
coada pelo estore, convida mesmo a banhos de imersão
prolongados.
Sábado, 22
23h 10 – Visita de Sydney
Finalmente, um dia tranquilo. Eu dormi quase 10h, a Mila
menos, por causa da urticária, que se concentrou
na palma das mãos, mas deu para descansar.
Pelas 9 e picos, arrancámos para uma visita da cidade:
Darling Harbour, The Rocks, Opera House, Harbour Bridge.
Nas docas, embarcámos no Olympic Storm para um passeio
pela baía de Sydney, que é formada por uma
série de reentrâncias e algumas ilhas. Foi
um passeio tranquilo de mais de uma hora, que nos permitiu
ver a cidade, do lado do mar: muitos veleiros, ferryboats,
alguns hidroaviões, a Opera com a Ponte. Alguns tipos
escalam a ponte, todos agarradinhos por cordas. Estoirámos
muitas fotos. O barco atracou mesmo em frente ao restaurante
Waterfront, onde almoçámos bem.
Depois do almoço, passámos por zonas residenciais
com grandes vivendas, viradas para a baía, com janelas
rasgadas para receber o sol, fomos até à zona
onde a baía se encontra com o Pacífico e passámos,
depois, pela famosa Bondi Beach, uma das praias de surfistas.
Terminámos a visita pelas 17h e ainda fomos gastar
umas massas nas compras: t-shirts, boomerangs, magnetes
e outras miudezas.
Mais um banho de imersão e ala para o jantar, no
The Summit, um restaurante rotativo, no 47º andar,
aqui perto do hotel; antes, ainda fomos dar uma olhadela
à baía de Sydney, à noite.
Gostámos muito desta cidade, que tem uma mistura
feliz de modernidade e tranquilidade, onde apetece passear;
respira-se segurança, as pessoas são simpáticas,
sente-se que há qualidade de vida, organização,
descontracção. Os mates andam nas ruas com
ar de pessoas alegres, não parecem stressados, como
se sentissem bem com a cidade onde vivem. Ficámos
com vontade de cá voltar, para conhecer melhor Sydney
e o resto da Austrália.
Sydney em poucas palavras
Os recortes da baía, vistos do avião, veleiros,
ferrys e hidroaviões, a Opera House, que reflecte
o sol, a Harbour Bridge e a gente que a escala, gaivotas
nos relvados, pessoas descontraídas e simpáticas,
organização, tranquilidade, trânsito
ordenado, edifícios bonitos, a cidade e a baía,
qualidade de vida, vontade cá voltar.
Domingo, 23
13h 45 – Sydney-Thaiti
Levantámos voo às 13h 35 para uma viagem de
6 130km, em cerca de 7h, até ao Tahiti.
Às 15h 45 (hora de Sydney), o comandante Carlos anunciou
que estávamos atravessando o meridiano oposto ao
de Portugal. Por outras palavras, estamos no outro lado
do mundo, nos antípodas, a norte da Nova Zelândia.
Houve aplausos e brindámos com vinho tinto.
Às 17h 45 (hora local, algures sobre o Pacífico),
o comandante Carlos anunciou que estávamos sobre
o paralelo 180, o tal que permite uma viagem no tempo. Então,
atrasámos os relógios 24 horas e, de domingo,
regressámos a sábado; as horas que havíamos
perdido, de Lisboa para Nairobi, depois para Nova Delhi,
depois para Sydney, foram todas recuperadas agora, assim,
de repente!
A seguir: Tahiti
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