Terça, 25
20h 30 – Visita de Santiago do Chile
Já na cama do quarto 818 do Hyatt Hotel, em Santiago
do Chile.
Perdi a noção do tempo. Não sou capaz
de dizer, com certeza, o que fizemos esta manhã ou
ontem à tarde. O salto de 24h que demos no paralelo
180 lixou completamente o fluir do tempo. De repente, recuperámos
24 hoas! Depois, passámos um dia tranquilo em La
Moorea, junto ao oceano. No dia seguinte (que devia ser
ontem), ainda fomos dar uns mergulhos e, às 10h,
pusemo-nos a caminho; o avião levantou voo às
17h, foram 9h de voo e o relógio adiantou 6h. Alguém
percebe alguma coisa?!
Agora, às 20h 30, se ainda estivéssemos no
Tahiti, seriam 14h 30 mas, se estivéssemos em Sydney,
já seria amanhã!
Não me estou a queixar!...
Bom... chegámos ao Hyatt, que é uma torre
cilíndrica, com muitos andares e elevadores panorâmicos,
ao estilo do Westin Bonaventure, em Los Angeles. As malas
chegaram ao quarto 10 minutos antes de partirmos para o
almoço e visita da cidade. A Mila estava estoirada;
só conseguiu dormir 3h no avião. Fomos almoçar
ao Comedero Chileno e partimos para o city tour.
Vimos a cidade de Santiago do Chile do alto de um monte.
É uma extensão imensa de casario, dominado
pelos Andes, lá ao fundo, ainda com neve em alguns
picos. Descemos, depois, à cidade imensa (5.5 milhões
de habitantes) e parámos junto ao famoso Palácio
de La Moneda, onde Pinochet atacou Allende. Entrámos
e saímos a grande velocidade do Museu de Arte Pré-Colombiana
e percorremos imensas avenidas, com trânsito muito
intenso e muitos jardins.
À primeira vista, a cidade espantou-me. Estava à
espera de algo mais confuso, tipicamente latino-americano,
mas Santiago pareceu-me uma cidade ordenada e limpa. Regressámos
ao hotel ás 19h, comunicámos com a família
e fomos comer um big mac aqui perto. Agora, tentar dormir!
Quarta, 26
22h 00 – Caminhada por Santiago
Já estou reorientado no tempo, graças ao dia
de hoje, em que ficámos por nossa conta. Pela primeira
e única vez nesta viagem, não alinhámos
na excursão opcional, que foi a Viñas del
Mar e Valparaíso. Achámos que seria mais interessante
ficar em Santiago, para conhecer melhor a cidade e parece
que a nossa opção foi correcta.
Dormimos das 20h 30 às 6 e picos da manhã.
Depois do pequeno-almoço, pusemo-nos a caminho e
andámos, a pé, das 9h às 18h, com pequenos
períodos de descanso. Fomos a pé até
ao metro, que fica a cerca de 15 minutos do hotel e, depois,
de metro até ao centro da cidade. Andámos
por ali, como se costuma dizer, a sentir o pulso à
cidade. Avenidas largas, com quatro faixas de cada lado,
separadas por zonas ajardinadas; tudo limpo, organizado,
seguro. O trânsito é intenso e constante, mas
parece não haver engarrafamentos. Nas ruas do centro,
muitos vendedores ambulantes, vendendo bugigangas e muitas
farmácias, que anunciam 25% de desconto em todos
os medicamentos, às segundas-feiras! Lojas atrás
de lojas, quase todas pequenas, viradas para o comércio
local. E nós, à procura de lojas para turistas!...
Nós os dois, na Praça das Armas, com a catedral
lá ao fundo.
Voltámos ao palácio de La Moneda e à
Praça das Armas, caminhámos por longas ruas
só para peões, cheias de gente, comemos uma
sandes no café do Museu de Arte Pré-Colombiana
e, como não encontrámos nenhuma loja de artesanato,
partimos rumo à Rua da Belavista onde, no nº
357, devia existir uma dessas lojas, segundo o mapa que
tínhamos. A pé, atravessámos um bom
bocado da cidade, cruzámos o rio Mapocho, que está
em obras (desviaram o seu curso, ao longo de toda a cidade,
para construírem um túnel para aliviar o trânsito
da superfície), caminhámos, caminhámos
e não encontrámos loja nenhuma.
Voltámos para trás, acabámos por descobrir
umas barraquitas, onde comprámos uma flauta dos Andes
para o Pedro e uns brincos de lápis-lazuli para a
Marta e Dalila. Cansados, comemos uma pizza na Telepizza
e regressámos ao centro, um pouco desgostosos com
as compras. Afinal, ali para os lados de Santa Lucia, um
quarteirão acima de onde havíamos estado de
manhã, lá estava uma enorme feira de artesanato!
Comprámos mais recuerdos para a família e
a Mila comprou um colar de lápis-lazuli, lindíssimo.
Regressámos ao hotel, onde jantámos.
Às 22h 30, a Mila já dorme e eu estou a acabar
o meu whisky para me deitar também.
Entretanto, a CNN continua debitar a guerra. Tenho visto
pedaços desta guerra na Índia, na Austrália,
no Tahiti e aqui, no Chile. Assim, sem uma ideia de conjunto,
ainda mais absurda ela parece...
Quinta, 27
11h 45 – A guerra lá ao longe
Ainda a guerra... Começou há uma semana, estávamos
na Índia. Depois, em Sydney, em La Moorea e aqui,
em Santiago, asim que chegamos ao hotel, ligo a TV na CNN
e vou apanhando um pedaço da guerra, o que torna
a coisa ainda mais estranha. A guerra só acontece
na TV, parece só acontecer na CNN e na BBC World;
os restantes canais (e em Santiago, apanham-se mais de 50)
continuam com a programação habitual. Nas
ruas, também não se dá por nada e nos
aeroportos, talvez haja um pouco mais de segurança,
mas nada de extraordinário. Claro que o nosso grupo
é especial; não seria credível que
um de nós decidisse fazer explodir o avião
mas, mesmo assim, as medidas de segurança são
um pouco mais apertadas.
Quando saímos do Tahiti, houve tipos que ficaram
sem a gilette e respectivas lâminas – o que
não deixa de ser irónico já que, no
avião, as refeições são com
faca e garfo de aço inoxidável e os copos
são de vidro.
Nesta fase da viagem, em que já só falta uma
etapa, o Quénia parece ter sido há muito tempo.
"D’jambo Benny”! A estas horas lá
deve estar o Benny a conduzir a Nissan pelas picadas da
savana ou a fugir aos buracos da estrada Nairobi-Masai Mara.
E, depois do Benny e do Quénia, já passámos
pela Índia, com aquela viagem ciclópica a
Agra, pela tranquilidade sofisticada de Sydney e pela paradisíaca
La Moorea, na Polinésia. Santiago vai, também,
ficar para trás. Amazónia, here we go!
Santiago em poucas palavras
Os Andes a dominar tudo, lá ao fundo, sempre presentes,
cidade ordenada e limpa, avenidas largas, muitos jardins,
trânsito intenso, constante, mas sempre a fluir, ruas
apinhadas de gente, caminhando com um propósito aparente,
não parece uma cidade do fim do mundo.
16h00 – Santiago-Manaus
Distância até Manaus – 3 600km; voo de
5h, sobrevoando os Andes, Argentina, Paraguai e Bolívia.
Acabámos de sobrevoar os Andes, a cerca de 7 mil
metros de altitude; muitos picos com neve ficam pouco abaixo
do avião. Mais um espectáculo a não
esquecer, nesta viagem.
A imensidão dos Andes, vista do avião
19h 45 – As viagens de avião – Organização
da viagem
Sobrevoamos o Brasil já há algum tempo e dentro
de uma hora estaremos em Manaus.
As viagens de avião têm sido óptimas;
apenas alguns minutos de uma turbulência muito ligeira
mas, de resto, uma tranquilidade que dá para escrever,
ler, dormir ou comer, sem sobressaltos.
Antes de partir, estava ligeiramente apreensivo com a duração
das viagens, nomeadamente a de 12h, para Sydney. Mas, afinal,
o voo passou sem grandes problemas e o tempo foi-se escoando
com os aperitivos, a refeição, os digestivos,
os filmes, o livro e alguns passeios pelas coxias do avião.
Tenho também que registar que, em termos de organização,
a Air Luxor está de parabéns. As coisas têm
corrido muito bem, sem grandes confusões, o que é
de louvar, tendo em conta que somos um grupo de quase 200
pessoas. Quando chegamos aos aeroportos, já temos
os autocarros à nossa espera, bem como um camião
para as malas. Com todas estas idas e vindas, não
há notícia de que alguma mala (ou turista)
se tenha extraviado. E isto tem sido possível graças
ao esforço de toda a equipa. Os rostos mais visíveis
são o Paulo Alves, da Air Luxor, e o Reno, que foi
contratado no Quénia – mas há mais gente,
cujos nomes não sei, que são também
responsáveis pelo êxito desta volta ao mundo.
No avião, também o pessoal de cabina é
incansável, prestável e simpático e,
no que respeita ao comandante e restantes membros do cockpit,
nem vale a pena falar – pois se as viagens têm
sido tranquilas, a eles o devemos.
A seguir: Brasil
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