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O Coiso

Volta ao Mundo - 2003
com a Air Luxor - 15 a 31 de Março

Quénia - Nairobi/ Masai Mara



Air Luxor Round World Tour

A nossa Grande Viagem deste ano vai ser uma volta ao mundo, organizada pela Air Luxor.
A Bela ofereceu-me, no Natal, uma espécie de diário, em papel reciclado e decidi usá-lo como diário durante a viagem. Aqui ficam as notas que fui escrevendo, dia a dia...

Sábado, 15


17h 55 – No Airbus 330
Já estamos sentados nas cadeiras 20 K e H e já arrumámos a tralha. Ouvi dizer que vêm 160 passageiros.

18h 30 – A descolagem
Descolámos às 18h 21. Foi suave e os meus ouvidos foram destapando por etapas. Rodámos para sul e estamos a sobrevoar o estuário do Sado. Serão 7h 55 de voo até Nairobi, 6 500 km. Neste momento, vamos a 470 km/h, a uma altitude de 5 500 metros. O Comandante chama-se Carlos Mirpuri. Tripulação: co-piloto – André Caldeira; na cabina: Ruben Morais, Ana Cordeiro, Pedro Rodrigo, Liliana Rodrigues, Patrícia Godinho, Ana Fernandes, Carlos Santos, Paulo Rego e não consegui apanhar os nomes dos restantes. Organizador: Paulo Alves. Rota: Espanha, Argélia, Chade, Niger, República Centro-Africana, Congo. O avião descolou com 54 toneladas (sendo 43 de combustível); peso total – 200 toneladas. Informações prestadas pelo comandante.
Neste momento, (18h 40) altitude – 9 400m, velocidade – 957 km/h; distância até Nairobi – 6 207 km.

20h 25 – Refeição a bordo
Estamos no ar há duas horas. Já vimos dois documentários sobre vida selvagem e está a passar agora um sobre desporto automóvel. Já nos serviram os aperitivos: um gin tónico para mim (what else?), uma coca cola para a Mila, amendoins e castanha de caju. Na “mesa”, uma toalha branca, com as palavras “Air Luxor” bordadas. Tudo a correr bem, mas cheios de fome.
Com 3 horas de voo, chegou a refeição. Enfim, é outra loiça: o prato é de porcelana e o copo é de vidro, os talheres são de aço inoxidável. Podia pegar na faca e desviar o avião para Cuba. Acontece que o que eu quero mesmo é ir para Nairobi. Portanto, decido não desviar o avião... Começámos com uma entrada de salmão, camarão e ananás, acompanhada de salada e regada com um Douro tinto que não era mau. Até o guardanapo é mesmo de pano! Seguiu-se um prato quente: eu escolhi tornedó e a Mila insistiu no salmão. Estava tudo óptimo. Agora, aguardamos a sobremesa e o café, para descansarmos. Descansarmos de quê?... Faltam 3 048 km para chegarmos a Nairobi.

Domingo, 16

2h 05 em Lisboa – 5h 05 em Nairobi
Começámos a descer, depois de um voo tranquilo e que passou melhor do que pensávamos. Eu ainda consegui dormir 2 horas, mas a Mila não pregou olho. Dentro de 15 minutos, aterramos no primeiro continente desta viagem.

6h 15 – Na carrinha
Estamos junto ao aeroporto e os viajantes estão distribuídos por dezenas de vans Nissan – seis em cada uma. A nós, calhou-nos a nº14. O Pedro já comunicou: o Benfica ganhou 4-1 à Académica. Viva o glorioso! O dia começa a nascer. Aguardamos que alguns passageiros tirem os respectivos vistos – nós trouxemos os nossos de Portugal. Está uma manhã fresca, mas adivinha-se o calor que o sol trará...

7h 30 – Pequeno-almoço no Stanley
Tomámos o pequeno almoço no Stanley Hotel, em Nairobi e vamos partir, a caminho de Masai Mara, 4 horas de viagem. O tempo está fresco e nublado. A cidade começa a acordar. Letreiros, anúncios, tudo em inglês. Mini-bus cheios de autóctones, a alta velocidade, pela esquerda, à inglesa. Velhos táxis britânicos, que já viram melhores dias.

8h 30 – The Rift Valley
Paragem para vermos o Rift Valley, uma falha natural que se estende da Líbia a Moçambique. Desce-se uma escarpa e, à esquerda, estende-se um vale a perder de vista. Meia dúzia de macacos que vêm saudar os turistas e esperar por alguma dádiva. A Mila não conseguiu dormir no avião e está perdida de sono. Eu ainda consegui dormir cerca de duas horas no avião e, apesar dos solavancos da todo-o-terreno, dormi esta última hora.
À saída de Nairobi, quilómetros de barracas miseráveis à beira da estrada, lixeiras, um mercado inenarrável.
Comboios de camiões sobem e descem a escarpa (estamos a mais de 2 mil metros de altitude). Neste miradouro, casinhotos com tambores, escudos e peles e lanças. Avisaram-nos que o preço é cerca de 20 vezes o que o produto vale. Um negro a vender bananas. Uma negra a assentar as matrículas das carrinhas, porquê?

13h 30 – Narok
Estamos parados in the middle of nowhere, numa localidade chamada Narok, numa estação de serviço. Acabámos de fazer 3 horas por uma estrada incrível, com miragens de alcatrão no meio dos buracos e a carrinha a fazer uma verdadeira gincana. Mesmo assim, eu e a Mila ainda conseguimos dormir um pouco. Que miséria! Que anacronismo! Espeluncas de madeira, a caírem, com letreiros a dizer “hotel”, “bar”, “business center”. Burros, cabras e respectivos pastores. Vegetação escassa e uma terra árida. Letreiros de Coca-cola por todo o lado. O calor já aperta.

15h 00 – Mara Sopa Lodge
Estamos finalmente no bungalow nº3 do mara Sopa Lodge, já almoçados. A última parte da viagem ainda foi mais indescritível que o resto: passámos de estrada de pouco alcatrão e muitos buracos, para quilómetros de picada de pedras a saltarem e a embaterem no chassis; depois de entrarmos no Parque da Reserva Natural de Masai Mara, foram os piores 12 km, em terra muito mal batida, passando por um riacho, vales e lombas, com uma poeirada imensa.
O Sopa Lodge fica no sopé de um monte e é formado por uma série de bungalows, tipo choupanas. À chegada, um grupo de masais, altos e vestidos com panos vermelhos e amarelos, dançavam e entoavam cânticos (de boas vindas?) O almoço não estava mau. Temos agora uma hora para descansar.


A Mila, à entrada do bungalow do Mara Sopa Lodge


20h 00 – Primeiro safari
Isto tem sido um non stop. Pouco depois das 16h partimos para um safari fotográfico. O nosso motorista, Benny, levou-nos por trilhos de savana, aos altos e baixos, por meio de lado nenhum. Vimos girafas, uma leoa, famílias de elefantes, ímpalas, gnous, búfalos, zebras, passarocos e, aqui e ali, um masai, alto, imponente, de lança na mão e vestido de vermelho. Andámos mais de 3 h pelo meio da savana e chegámos todos doridos, estoirados e convencidos que isto é muiot bonito mas pode ficar assim, que a gente não se importa.
Como é que uma velhota com 83 anos, que faz parte do grupo, consegue aguentar isto?


A mãe e o filho elefantes, ao fim da tarde, na savana

Segunda, 17

14h 30 – Segundo safari
Ontem foi só deitarmo-nos para baixo e adormecemos instantaneamente. Acordaram-nos hoje às 6 da matina.
Pequeno-almoço rápido e às 7h partíamos para mais um safari. A Mila mais bem disposta, embora com urticária.
Aprendemos algumas palavras em swahili, que é a língua oficial do Quénia (para além do inglês): akuna matata (tudo bem, sem problemas), sala malana (boa noite), d’jambo (bom dia, saudação em geral).
O nosso quarto é bom, com camas separadas, um mosquiteiro a toda a volta das camas e uma enorme lareira; a casa de banho tem sanita, lavatório e um grande chuveiro. O bungalow onde estamos chama-se “elephant” e fica numa das pontas do lodge, a cerca de 200 metros do restaurante e recepção.
O safari de hoje foi muito bem sucedido: vimos dezenas de leões, famílias inteiras, dezenas de hipopótamos, a chafurdarem no rio Mara, dois elefantes gigantescos, girafas, zebras, gazelas, ímpalas, avestruzes, secretários, etc. Fomos até à fronteira com a Tanzânia, onde parámos para fotos. Regressámos já depois das 13h.
O safari processa-se assim: as carrinhas partem em fila indiana mas, a partir de certo sítio, separam-se. Os condutores vão comunicando por rádio e, quando alguém topa algum animal, comunica aos restantes. Por exemplo, está uma família de leões ali, naqueles arbustos; de repente, começam a surgir carrinhas de todos os lados, convergindo para aquele lugar; a savana, que parecia deserta de humanos, fica cheia de carrinhas Nissan, com turistas de cabeça de fora do tejadilho, a filmar e fotografar.
O lodge tem mais empregados que o Ritz. À chegada, colocaram as nossas malas em fila e, atrás, em pé, outra fila, mas de empregados. Depois, cada um pegava numa mala e levava-a até ao bungalow respectivo. Toma lá um dólar. Ontem à tarde, estávamos nós a tomar duche, entrou o Stanley no nosso quarto, para abrir as camas. Toma lá 5 euro. À noite, quando regressávamos do restaurante, um tipo com uma lanterna disse “security” e acompanhou-nos até ao quarto. Toma lá um dólar, como se ele fosse capaz de nos salvar do ataque, sequer, de um osga. As refeições não têm sido más. Espanta-me como trazem eles os mantimentos aqui para o lodge, por aqueles caminhos tão esburacados.
Como é possível dormir a bordo de um Nissan todo-o-terreno, sacudida por abanões fortíssimos, com pedras a embaterem constantemente no chassis? Eu, que às vezes não consigo adormecer por causa do tique-taque quase inaudível de um relógio de pulso! Pois. Mas entre cada animal, enquanto o motorista Benny conduz a carrinha para um lado e outro, à cata de bichos, nós fechamos os olhinhos e adormecemos instantaneamente. Holyday spirit é o que é!
Os masai só se alimentam de leite e sangue de vaca e são magros; os hipopótamos só comem ervas e são gordos. Paradoxal.
Há duas pessoas com colares cervicais na excursão. Devem ficar bonitos com tanto solavanco!
Quando a carrinha pára junto a um animal e o Benny desliga o motor, ouve-se bem o silêncio da savana, apenas entrecortado pelo ruído das máquinas fotográficas a disparar.


Aqui estou eu, com hipopótamos ao fundo...

Agora, perto das 15h, repousamos um pouco. Vamos partir daqui a uma hora para visitar uma aldeia masai. Eu já passei pelas brasas 20 minutos e a Mila dorme profundamente. Em redor, o tal silêncio, nada perturbado pelo linguajar de dois autóctones, que estão lá fora, sentados, e por um outro som, talvez produzido por alguma ave, tipo codorniz, embora pareça quase um coaxar. De vez em quando, vem uma rabanada de vento, que faz abanar as árvores. Mas é uma calma!...
Quando andamos pelos trilhos, a poeira que se levanta é imensa e penetra em todo o lado. Quando nos assoamos, o lenço fica castanho. O protector solar e o repelente de insectos foram duas boas compras – até agora, nem queimaduras solares, nem picadas de insecto.
E, do mundo, nada sabemos, aqui, onde não há jornais, rádio, televisão ou telemóveis!
Até agora: cerca de 90 fotos em dia e meio!

18h 20 – A aldeia masai
Chegámos da nossa visita à aldeia masai, que fica aqui perto do lodge.
Boas vindas pelas mulheres e, depois, pelos homens, com cânticos e danças; vestidos e pintados a rigor, com os tais panos vermelhos e amarelos, garridos, muitas missangas, com os lóbulos das orelhas pendentes, eles com toucados feitos com peles de leão, com lança e massa, dando saltos e gritinhos – lembrámo-nos de algumas canções do Paul Simon.
À entrada da aldeia, cada pessoa pagou 10 dólares. Uma paliçada a toda a volta e, lá dentro, casas feitas de paus e bosta de vaca, um enorme redil para as vacas, as habituais criancinhas com moscas nos olhos e no nariz. O guia português, um latagão chamado Reno, falou um pouco sobre os usos e costumes dos masai, vimos dois deles fazerem fogo com dois pauzinhos, visitámos uma das suas casas e, no fim, fomos às compras, numa espécie de mercado: missangas, panos, lanças, massas, estatuetas e outros adornos. De tudo isto, os massai só fazem as missangas; o resto, compram já feito, para vender aos turistas. Disseram-nos que eles não ligam ao dinheiro. Então e os 10 dólares para a visita e o dinheiro que pagámos pelas recordações? Bom, é para comprarem panos para se vestirem; deste modo, escusam de vender vacas, o seu bem mais sagrado. Está bem, eu acredito, akuna matata...


As mulheres masai dão as boas vindas aos visitantes

Foi uma visita interessante e os masai parecem muito simpáticos, com uma cultura muito própria e tão longe da nossa, que nem vale a pena tentar comparações.
Alguns exemplos: não vão à escola, não trabalham, no sentido habitual do termo, alimentam-se quase exclusivamente de leite e sangue de vaca, não têm noção do desenrolar do tempo, pelo que não sabem a idade; as mulheres encarregam-se de tudo, menos das vacas e da guerra, e não têm quaisquer direitos; os homens têm várias mulheres mas também não se importam que elas durmam com outros; as casas têm duas divisões, uma para os humanos, outra para os bezerros.

23h 40 – Jantar na savana
Jantámos no meio da savana, à luz de petromax. Mesas e cadeiras para cerca de 200 pessoas, com uma fogueira no meio e duas grande tendas com um buffet. Em redor, rangers armados, rondavam, para nos defenderem das feras (vimos uma leoa ali bem perto). Lua cheia. Queimadas no horizonte. Não víamos o que estávamos a comer, mas foi diferente. Um queniano andava a cantar, por entre as mesas, acompanhado à viola – cantou o “Ob-la-di Ob-la-da”! Alguém disse que, em qualquer lado, em qualquer momento, uma música dos Beatles está ser tocada. Mais uma prova de que isto é verdade.
Quando regressámos, a Milocas antecipou o meu aniversário e ofereceu-me um cronógrafo Longines Avigation! Maluca!

Terça, 18

14h 20 – Regresso a Nairobi – Almoço no Carnivore - Tenho 50 anos!
No dia em que completei 50 anos, acordaram-me às 5 da matina!
Depois de pouco mais de 4h de sono, levantámo-nos estremunhados e arrumámos tudo e corremos para o pequeno-almoço. Um carregador levou-nos as malas. Toma lá mais 2 dólares. Às 6 da matina não apetece comer. Empurrámos um pouco de pão com um café e ala para 200km de buracos até Nairobi, com a condução exemplar do Benny.
O trajecto pode dividir-se em três fases: a 1ª, desde o lodge até Narok (cerca de 90km) é tudo em terra batida mas, mesmo assim, o conceito de terra batida, nesta zona, é muito amplo – às vezes surgem verdadeiras crateras, altos e baixos, como se tivesse passado por ali um rio caudaloso, pedras e pedregulhos e, por duas ou três vezes, um charco. Por tudo isso, o Benny e a sua Nissan passam a alta velocidade. Em Narok, paramos para reabastecimento e chi-chi, em casas de banho indescritíveis. A 2ª fase da viagem é a mais longa e a mais dolorosa: o asfalto há muito que deixou de o ser e a estrada é um puzzle de buracos que, por vezes, são tantos e tão profundos, que os veículos preferem passar pela berma; só que, em alguns troços, a berma já está tão esburacada que alguém fez outra berma, ao lado da berma, e é por lá que os carros passam. E o mais curioso é que, por vezes, o carro que vai em direcção a Nairobi, pela esquerda, escolhe a berma da direita, porque lhe parece melhor; nesse momento, um outro carro, que vem de Nairobi, pela direita, tem que ir para a berma da esquerda, para não chocar com o anterior – o que quer dizer que, em alguns troços, inverte-se o sentido do trânsito. Akuna matata! A 3ª fase do percurso, já perto de Nairobi, a cerca de 60km, é de boa estrada, em termos de piso, mas como é sempre a subir e os camiões, por aqui, têm mais de 30 anos e levam o dobro da carga que deviam transportar, assiste-se a um zigue-zague de ultrapassagens loucas. Apesar de tudo isto, o Benny conseguiu fazer estes 200km, hoje, em cerca de 4 horas. Em Nairobi, o trânsito é caótico, fazendo lembrar o Cairo, embora com menos veículos.
Atravessámos uma via rápida, com duas faixas para cada lado, em que os carros vão a alta velocidade, com os peões a atravessarem em qualquer lado, vacas a pastar nas bermas, lixeiras a arder, casebres à beira da estrada, burros, bicicletas com rimas de cestos e, de repente, uma rotunda, carros a surgirem de todas as direcções e querendo avançar ao mesmo tempo, autocarros pejados de pessoas, poluição a rodos. Nos raros semáforos, bandos de negros tentam vender calculadoras, pilhas, óculos escuros e outras bugigangas. Espantosamente, quase não ouvimos buzinas, ao contrário do que acontece no Cairo.
O meu almoço de aniversário foi no Carnivore, um restaurante de rodízio, que nos despachou em 45 minutos, o que é obra, considerando que somos cerca de 200 pessoas. Não se pode dizer que não tenha sido um almoço de aniversário fora do vulgar: para além de quase 200 convivas, tive o prazer de experimentar carnes de crocodilo, ímpala, antílope e zebra, para além das já conhecidas carnes de avestruz, galinha, carneiro, vaca e porco. Não gosto muito de rodízios e, deste, ainda menos. Por um lado, porque estávamos pressionados para ir para o aeroporto, por outro porque as carnes também não eram nada de especial, a não ser a de avestruz e de antílope, de que gostei.
Às 14h estávamos no aeroporto.

15h 20 – Nairobi-Nova Delhi
Levantámos voo, rumo a Nova Delhi. Serão 6h 30 de voo para cerca de 5 500km, passando pela Etiópia, Somália, Yemen, Omã e Paquistão.
Neste momento, o avião vai a 875 km/h, a 11 300m de altitude.
Já conseguimos comunicar com a malta lá de casa. Em narok, enviei uma mensagem ao Pedro; eram 5 da matina em Almada, mas ele respondeu-me, desejando-me os parabéns. À hora do almoço (9h da manhã em Portugal) falei com a Marta e com os Sousas; entretanto, também a Marta já me tinha enviado uma mensagem de parabéns. E confirmando-me a notícia que já tinha ouvido: o Bush deu um prazo de 48h ao saddam para abandonar o país, o que quer dizer que a guerra deve começar em breve... e nós aqui, a dar a volta ao mundo...

O Quénia em poucas palavras
Calor seco, buracos na estrada, gente andrajosa, o miúdo masai com moscas nos olhos e no nariz, os animais selvagens à solta, os dois elefantes a cumprimentarem-se, o hipopótamo que saiu da água para cagar e espalhou a porcaria com rotações da cauda, a elegância das girafas, a preguiça dos leões, os masai altos e magros, os seus panos vermelhos à beira da estrada, esguios, como se alguém os tivesse ali colocado para fazerem parte da paisagem, os trilhos na savana, as queimadas, à noite, lá ao longe, a terra vermelha da savana ao nascer do sol, os solavancos da Nissan todo-o-terreno e a perícia do Benny a conduzi-la, a confusão de Nairobi, as lixeiras a arder.

18h 50 – Sobre Omã
Hora do Quénia – 15h 50 em Portugal – 21h 20 na India. Faltam 2 000km para a chegada, estamos sobre Omã, em pleno Golfo. Como estará o Saddam?


A seguir: India

Actualizado em: 3 Abril 2003
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