Então sempre vamos ter a nossa manifestação parva, convocada através do Facebook, í imagem da revolução egípcia.
Os parvos, isto é, a malta que não se importa que lhe chamem “geração parva”, irão para a Praça Al Tahrir cá do sítio, manifestar-se contra esta sociedade onde, segundo o inspiradíssimo poema da canção dos Deolinda, “para ser escravo é preciso estudar”…
Confesso que o primeiro álbum dos Deolinda até me entusiasmou; mas esta cançoneta que, de repente, serve de bandeira a algo que ninguém sabe o que é, a mim é que me deixa parvo.
A pobreza da letra é confrangedora, mas glorificada nas páginas dos jornais e nos blogs por tipos que dizem fazer parte desta geração “í rasca” – geração que, voltando aos versos, é “sem remuneração” mas que, afinal “ainda me falta o carro pagar”.
Sempre gostava de saber qual é o escravo que, sem remuneração, tem um carrito…
Uma rápida pesquisa no Google permite-nos saber que os três elementos dos Deolinda nasceram em 1978 e têm, portanto, 33 anos – uma idade verdadeiramente parva!
São, portanto, da geração dos meus filhos e se, segundo a letrinha da cantiga, ainda andam a estudar, algo vai mal, porque os meus filhos terminaram os seus cursos aos 22-23 anos.
Ou então, é por isso que eles dizem que são da geração parva, da geração que precisa de 10 anos para fazer uma porcaria de um curso, sem que nunca lhe tenha passado pela cabeça… trabalhar, fazer um cursinho de electricista ou de cozinheiro ou de bate-chapas, ou qualquer coisa assim.
Geração í rasca, cada um com o seu iPhone?
Geração parva, cada um com o seu mac?
Desculpem-me a franqueza mas agradecia que fossem dar banho ao cão.