Harari (Haifa, Israel, 1976) é um professor de História que se tornou conhecido mundialmente com este calhamaço de 500 páginas em que descreve a História da Humanidade.
O Homo sapiens começa por ser um animal insignificante e, depois da revolução cognitiva, da revolução agrícola e da revolução científica, transforma-se numa espéice de um deus, capaz de acabar consigo próprio.
De um modo muito claro, Harari vai-nos mostrando como essa evolução foi possível.
Na impossibilidade de transcrever todo o livro, deixo aqui, apenas, algumas passagens:
“A grande maioria da comunicação humana é composta por mexericos. (…) Acha que os professores de História falam sobre os motivos subjacentes í Primeira Guerra Mundial quando se encontram para almoçar, ou que os físicos nucleares aproveitam as pausas para café das conferências científicas para falarem de quarks? Por vezes. Mas o mais comum é coscovilahrem sobre a professora que apanhou o marido com outra, ou o propósito da altercação entre o chefe do departamento e o reitor, ou acerca dos rumores de que um colega usou os fundos de uma investigação para comprar um Lexus. Por norma, os mexericos centram-se nas infrações. Os divulgadores de rumores são o «quarto Estado» original: jornalistas que informam a sociedade e, assim, nos protegem de trapaceiros e parasitas”. (pag 37)
“De todas as actividades humanas colectivas, a mais difícil de organizar é a violência. Dizer que uma ordem social é mantida pela força militar suscita, de imediato, a questão: o que mantém a ordem militar? É impossível organizar um exército apenas pela coerção. Pelo menos, alguns dos comandantes e dos soldados têm de acreditar verdadeiramente nalguma coisa, seja em Deus, na honra, na pátria, na virilidade ou no dinheiro.” (pag 138)
“Tal como duas notas musicais opostas tocadas em conjunto fazem desenvolver uma melodia, também a discórdia nos nossos pensamentos, ideias e valores nos obriga a pensar, a reavaliar e a criticar. A coerência é apanágio das mentes obtusas”. (pag 200)
“A 23 de agosto de 1572, os católicos franceses, que realçavam a importância das boas acções, atacaram comunidades de porotestantes franceses que enalteciam o amor de Deus pela humanidade. Neste ataque, o dia do massacre de São Bartolomeu, foram chacinados entre 5000 e 10000 protestantes em menos de 24 horas. Quando o Papa, em Roma, soube o que tinha acontecido em França, ficou de tal forma feliz, que organizou orações festivas para celebrar a ocasião e contratou Giorgio Vasari para decorar uma das salas do Vaticano com um fresco do massacre (a sala está hoje encerrada aos visitantes). Foram mortos mais cristãos por outros cristãos nessas 24 horas do que pelo Império Romano politeísta durante toda a sua existência”. (pag 255)
“Os nossos primos chimpazés raramente se lavam e nunca mudam de roupa. Também não nos sentimos enojados pelos facto dos nossos cães e gatos domésticos não tomarem banho nem mudarem de pelagem, todos os dias. Fazemos-lhes festas, abraçamo-los e beijamo-los constantemente. Muitas vezes, as crianças pequenas das sociedades ricas não gostam de tomar banho e são necessários anos de educação e disciplina parental para adoptarem este hábito supostamente atraente. É tudo uma questão de expectativas.” (pag 448)
Vale a pena ler.
Edição Elsinore, tradução de Rita Carvalho e Guerra