Gosto de todos os filmes de Shyamalan, com destaque para “Signs” e “The Village”. Sei que ele anda de candeias í s avessas com os críticos e que muita gente viu, no filme, “Lady in the Water”, uma resposta a alguns desses críticos.
“Gossip” í parte, Shyamalan tem sido um realizador diferente, na cena norte-americana. Faz filmes difíceis de enquadrar em categorias pré-definidas, parece não ir atrás de modas e ter uma certa independência na produção dos filmes. Para além disto, que já não é pouco, é um realizador original e astuto. “Signs” mantém uma tensão no espectador durante todo o filme e nem precisa de mostrar os “aliens” para criar, em nós, o medo do “estrangeiro”. “The Village” tem um fim absolutamente inesperado e que nenhum espectador conseguiria adivinhar. Aliás, Shyamalan tem-se caracterizado por nos conseguir proporcionar sempre alguma surpresa.
É por isso que este “The Happening” é uma semi-desilusão.
A tensão do filme é óptima. Faltam 15 minutos para o filme acabar e o espectador está agarrado í cadeira, sem saber o que aquilo vai dar, como é que os heróis do filme se vão livrar daquele “acontecimento” e, depois… e depois… e depois, nada. Não acontece nada de especial. O acontecimento acaba como começou. Ou não, porque a última cena do filme tem lugar em Paris, e parece que tudo volta ao princípio. O próprio Shyamalan parece não ter ficado muito convencido com a história que ele engendrou porque inclui, quase no fim do filme, uma relativamente longa entrevista com um cientista, que passa numa televisão, e na qual o tal cientista tenta explicar o “acontecimento”.
Parece que andam a comparar este filme com os pássaros do Hitchcock: em vez de serem as gaivotas a revoltarem-se e a atacarem a espécie humana, neste Shyamalan, são as plantas que se revoltam e desenvolvem uma neurotoxina que faz com que as pessoas sintam uma enorme vontade de se suicidarem.
Enfim, nada se cria, tudo se recria…
Mas o Shyamalan não tem o sentido de humor que Hitchcock tinha, embora tente (vide o diálogo idiota entre o herói e a heroína, ambos um pouco patetas, aliás, em que ele diz que foi comprar um xarope para a tosse só porque a empregada da farmácia era gira, porque nem sequer tosse tinha…); além disso, estamos em 2008 e “The Birds” é de 1963. No entanto, nota máxima para os suicídios; Shyamalan escolheu alguns bem originais, como o tipo que se deixa atropelar por uma debulhadora…
Resumindo: gostei, mas…
Desculpa lá, ó Shyamalan, mas esperava mais de ti, pá. Esperava que me surpreendesses no fim, como quase sempre tens feito.
Gostei muito do filme e foi precisamente nos diálogos meio patetas (e respectivos actores), que vi maior fragilidade na coisa.
Não me incomodou que o filme não tivesse o tradicional “twist” e fiquei agarrado í beira da cadeira os 90 minutos.
Também concordo que os suicídios são muito bons… os trolhas a saltarem da obra quase parecia ballet.
tirando o facto de se ver o micro ao longo do filme, até da pa rir com a historia.
a historia até é boa, mas está muito mal contada, digo eu…
peace