De Vargas Llosa só ainda tinha lido três romances: “A Guerra do Fim do Mundo” (1981), “Os Cadernos de Don Rigoberto” (1997) e “Travessuras da Menina Má” (2006).
Apesar de o achar um autor interessante, sempre preferi Garcia-Marquez e Cortazar, no que respeita aos escritores latino-americanos.
Este ano, Vargas Llosa ganhou o Prémio Nobel e as livrarias encheram-se com as suas obras e peguei neste “O Sonho do Celta”.
O livro conta a história de Roger Casement, um irlandês que lutou e morreu pela independência do seu país. Antes disso, como cí´nsul britânico no Congo belga e em Iquitos, no Peru, lutou contra o modo desumano como eram tratados os autóctones, explorados pelas grandes companhias que extraíam borracha das florestas.
A narrativa de Llosa parece-me pouco consistente, de tal modo que, no fim das 400 páginas não fiquei com uma ideia bem formada de como terá sido Roger Casement, como pessoa. Claro que o autor nos dá grande quantidade de pormenores da sua vida, de como se sentia horrorizado com as torturas que os colonialistas impunham aos indígenas; ficamos também a saber que Casement era homossexual e que registava num caderninho as suas aventuras sexuais, descrevendo-as de modo muito cru. Mas são apenas factos. Fiquei sem saber como era Casement, como pessoa.
Porventura, Llosa também não sabe, ao certo, quem foi Roger Casement mas, como romancista, tinha a obrigação de criar uma personagem credível para os seus leitores, até porque este livro é um romance, não uma biografia.
Ou então, fiquei desiludido porque estava í espera de mais uma história passada na América Latina e saiu-me uma coisa completamente diferente.
Conheço bem a obra de Vargas Llosa e O sonho do Celta não é dos melhores livros do autor.
Para uma boa historia latino -americana, com os ingredientes típicos da literatura desse continente, aconselho-te outros livros do autor como A festa do Chibo(sobre o ditador dominicano Rafael Trujillo), Lituma nos Andes, Quem matou Palomino Molero? ou História de Mayta.
Penso que estão todos publicados na D. Quixote.
Um abraço.
Obrigado pelas dicas. Os Cadernos de Don Rigoberto também é bem divertido.