Por volta de 15 de Agosto de 2007, se alguém me dissesse que, três anos depois, eu seria anti-fumador militante, responderia “estás maluco!”
Mas é verdade: quando vejo alguém com um cigarro na mão (e vejo todos os dias colegas meus com o cigarro na mão) custa-me a perceber como é possível! Que raio de vício mais idiota, pegar num cilindro de tabaco envolto em papel e absorver fumo que, depois, invade os pulmões e tem que sair pela boca e pelo nariz! Como foi possível que, durante 39 anos, eu alinhasse nesse vício tão patético?
Ainda mais revoltado estou, neste 3º aniversário, porque um dos meus doentes que eu mais admiro, por razões que não vou explicitar para preservar a sua privacidade, está a morrer com um cancro do pulmão, com metástases hepáticas e supra-renais e outras, ele que foi um grande fumador, durante mais de 50 anos…
Comecei a fumar, como muita gente da minha geração, com cigarros comprados avulso numa drogaria da Avenida de Madrid, nas traseiras do Liceu Camões, secção do Areeiro. Não tinha antecedentes familiares relevantes. Fumar era importante, para afirmação pessoal e porque não fazia mal í saúde. Alguém se lembra que os apresentadores dos telejornais liam as notícias com o cigarro na mão? (hoje em dia, são as bebedeiras que têm a vénia da comunicação social; ainda hoje vi, no telejornal da sic, uma jovem açoriana dizer que o Festival da ilha de Sta. Maria é óptimo porque, depois de uma noite de diversão, vão para a praia, de manhã, “curar a ressaca” (sic) e tudo isto é dito a rir e com o beneplácito da jornalista, que deve achar que é muito normal que a malta jovem se embebede todas as noites…)
Aí por volta do dia 18 de Agosto de 2007, comecei a tomar o Champix, só para ser solidário com a Mila, e sem “fé” nenhuma no êxito. Depois, o cigarro começou a enjoar-me e, três dias depois, não fumei mais cigarro nenhum. Até hoje!
Nos primeiros meses, ainda tive algumas saudades e até sonhei com cigarros.
Agora, três anos volvidos, posso afirmar: é possível deixar de fumar, mesmo 39 anos depois, e vale a pena!
A qualidade de vida é incomparável mas, acima de tudo, é a liberdade, porque um fumador é, de facto, um escravo do cigarro!
PS – alguns dos meus posts mais comentados têm a ver com o “deixar de fumar”; O Coiso nunca teve uma filosofia de “espaço de discussão” e, sinceramente, não é isso que me interessa na net mas, no caso do “vício de fumar”, não me importo de dar conselhos. Querem deixar de fumar? Perguntem-me como!