Fumar, mata – não fumar, também?

Título do DN de hoje:

«Mil pessoas morrem por ano devido a cigarros mal apagados»

O quê?!

Então, e devido a cigarros bem acesos, quantas morrem?

Diz a notícia que vão «entrar em vigor as novas regras para o fabrico de cigarros para que se apaguem quando não são fumados».

Para além da frase estar mal construída, esta afirmação levanta-me a seguinte dúvida: será que, agora, os maços de cigarros passarão a ter cigarros acesos, que se apagarão automaticamente se não forem fumados?

E ao fim de quanto tempo?

Claro que é apenas um erro de construção da frase.

Diz a Comissão Europeia que «os cigarros acesos abandonados são uma das principais causas de incêndios mortais na Europa». Assim, poder-se-ão evitar cerca de 500 mortes por ano, com a introdução dos chamados cigarros de propensão reduzida para a ignição.

Segundo a notícia, este tipo de cigarros têm um »tempo de combustão mais reduzido e, assim, menor possibilidade de inflamar mobiliário, roupa de cama e outro material».

Ainda bem que já deixei de fumar.

Uma das coisas que me dava mais gozo era ver o mobiliário e a roupa da cama arderem em segundos!…

A pão e água

Segundo o DN, «o PS vai propor na terça-feira que a Comissão parlamentar do Ambiente passe a consumir água da torneira, uma medida para dar o “exemplo” no Parlamento, onde se consomem anualmente mais de 45 mil garrafas de água».

Acho mal.

Percebe-se que, em tempos de crise, os deputados fiquem a pão e água, mas penso que os nossos deputados deviam ajudar a nossa economia e passar a consumir vinho.

As sessões parlamentares seria muito mais divertidas!

Eureka! Tantas erecções!

Não é permitida a publicidade a medicamentos, nomeadamente í queles que combatem a disfunção eréctil, como o Viagra, o Cialis e o Levitra.

Mas nada impede que um jornal como o Diário de Notícias, publique um anúncio de página inteira a um spray chamado Eureka (eu repito: chamado Eureka), que, uma vez esguichado sobre o pénis, proporciona um «erecção sólida, firme, sem demora, sempre que quiser», como consta do longo texto publicitário.

Em parte alguma do texto se refere a composição química da mistela que faz acordar um morto («o seu pénis fica imediatamente erecto, mesmo que não tenha uma erecção há anos!»), mas isso pouco importa.

O que interessa são os testemunhos de homens que já pulverizaram a pila com Eureka.

Diz um, com 73 anos: “o spray é realmente um produto extraordinário…  Além de discreto, permite-me ter uma grande e linda erecção, sempre que quero! Tenho 73 anos e posso dizer que faço amor até 3 vezes por dia!

Reparem que o velhote diz que tem uma “grande e linda erecção“! Que ternura!…

Faltaria ouvir a esposa, que deverá dizer algo do género: ” Xiça! O sacana do velho não me larga! Sempre atrás de mim com aquela coisa pendurada! Tem a mania que tem 20 anos, o jarreta!”

Outro homem, afirma ter tido sempre problemas com as erecções e agora, depois de experimentar Eureka, é sempre a aviar, e diz: “Pois é certo que irei obter uma erecção a qualquer hora do dia ou da noite… Ainda melhor, tenho a certeza que o meu pénis ganhou mais alguns centímetros”.

Vai-te gabando, vai. Se continuas a usar Eureka de cada vez que quiseres mandar uma pinocada, qualquer dia tropeças no prepúcio, pá!

Finalmente, um terceiro homem que, para além de não o conseguir levantar, também tinha ejaculação precoce, garante: “Eu e a minha esposa usamos Eureka para grande prazer mútuo. Agora podemos fazer amor durante horas!”

Lá se vai o sexo tântrico!

O maravilhoso spray dá tesão, resolve a ejaculação precoce, permite orgias demoradas e até anima as mulheres. De facto, segundo o texto publicitário: «pulverize Eureka nas partes íntimas da sua parceira para lhe estimular uma sensação deliciosa e torná-la muito mais animada“.

Se começarem a cruzar-se nas ruas, nos centros comerciais, nos cafés com mulheres de olhar glorioso, já sabem que, na noite anterior, o respectivo companheiro lhes pulverizou a passarinha com Eureka!

Espero bem que o ministro da Saúde tome, finalmente, uma medida acertada, passe a considerar o Eureka um verdadeiro medicamento e o comparticipe a 100%.

Pode ser que, assim, a malta aguente a crise com um sorriso nos lábios…

Cavaco Silva e as sex shop

O Diário de Notícias faz hoje eco de um artigo publicado na revista Wired e que me deixou de boca aberta.

Cavaco Silva é dos chefes de Estado que mais usam o Twitter!

E esta?

Mas as surpresas não ficam por aqui.

Segundo a revista, Cavaco, que é referido como o “mais curioso dos líderes”, segue unilateralmente 69 outros chefes de Estado!

Mas a melhor é esta: o nosso presidente segue também duas sex shop duas!

São elas: a Love Shop e a Anjos do Pecado!

A Love Shop é de Santarém e a Anjos do Pecado é de Matosinhos e apresenta-se como “a primeira sex shop em Portugal dedicada ao prazer da mulher!”

Desta é que eu estava í  espera, caramba!

O Aníbal, afinal, é um malandreco!…

Os semáforos de Bissau

O Diário de Notícias publica hoje, na página 25, um texto de Mussá Baldé, jornalista da Lusa, intitulado: «Todos querem ver os primeiros semáforos da capital guineense”.

O texto é tão fantástico, que merece ser transcrito quase na íntegra.

Começa assim:

«Bissau recebeu os seus primeiros semáforos, mas em vez de se tornarem instrumentos para melhorar o trânsito automóvel, na realidade, causam curiosidade e confusão no tráfego.»

Portanto, na principal avenida de Bissau, foram colocados semáforos, a título experimental. Os habitantes da Guiné-Bissau nunca tinham visto semáforos na sua vida. Assim, segundo Baldé:

«O problema é decifrar a informação que é dada por cada cor, pois, í s vezes, acende o vermelho e lá estão alguns condutores a acelerar para passar, justamente na altura em que os peões, que também desconhecem a ordem dada pelas luzes, tentam atravessar a avenida.»

Trata-se de uma situação potencialmente perigosa. Haverá atropelamentos?

Parece que não. Tudo é vivido com a alegria. Voltemos a Baldé:

«As gargalhadas, tanto dos condutores como dos transeuntes, têm sido regra para acalmar essas hilariantes situações frequentes nos cruzamentos onde existem os semáforos».

E parece que nem as autoridades conseguem perceber o que as cores dos semáforos significam.

«Estava a luz vermelha acesa no semáforo e manda-me avançar um agente do trânsito. Não obedeci porque ele estava errado, contou Alfa Djaló, um taxista que trabalha na avenida Combatente da Liberdade da Pátria».

Baldé explica-nos que a confusão dos agentes de autoridade não se limita aos semáforos, «também é notada na sinalização, pois agora, a estrada que liga o mercado do Bandim ao aeroporto da capital guineense, ao longo de uma extensão de oito quilómetros, possui sinais e travessias para os peões. “Noutro dia por pouco não atropelei uma velhota que estava a atravessar a avenida. Dizia ela que os jovens que ali se encontravam nos postes dos semáforos, mandaram-na passar, dizendo que o semáforo, que estava verde, era para os peões atravessarem”, relatou um jornalista da Rádio Nacional.»

E Mussá Baldé termina esta notícia extraordinária com esta frase lapidar:

«Já se fala em Bisssau que algumas pessoas do interior viajam para a capital do país de propósito para verem os primeiros semáforos do país.»

Quinhentos anos de colonialismo português fez da Guiné-Bissau este caso de sucesso!

Serviço Nacional de Escutas

O DN trás, hoje, na primeira página, as fotos tipo-passe de 16 “personalidades” que afirmam recear que os seus telefones estejam sob escuta.

“Personalidades” tão diversas como António Capucho, Honório Novo, Mário Cláudio, Marinho e Pinto e António José Seguro.

Todos dizem evitar falar de assuntos sérios ao telemóvel.

Só contam anedotas, pelos vistos…

Vem isto tudo a propósito de os Serviços Secretos portugueses terem andado a escutar o telemóvel de um jornalista do Público.

O simples facto de existirem uns Serviço Secretos portugueses já dá vontade de rir… mas enfim… adiante.

Parece-me normal que, existindo um serviço secreto, os seus membros devam respeitar esse secretismo. Não me parece correcto que venham cá para fora, para os amigos e as namoradas, contar segredos do Cavaco ou do Sócrates, ou do Passos Coelho, por exemplo.

Ora se, de repente, começam a aparecer, escarrapachadas no Público, coisas que supostamente deviam ser secretas, é porque alguém lá de dentro está a bufar cá para fora.

Digam lá se não é obrigação dos Serviços Secretos descobrir o bufo?

Imaginem que estávamos em guerra e que o bufo dos Serviços Secretos passava ao jornalista informações cruciais sobre a Defesa do Estado?

Nesse caso, já seria aceitável montar uma escuta para descobrir o bufo?

Ou será que isto só é aceitável nos filmes do James Bond?

Agora, há por aí um coro de virgens envergonhadas porque os Serviços Secretos violaram a liberdade de imprensa!

Pois claro que violaram!

É para isso que eles servem!

Ou não?

 

A ausência de Salman bin Hamad al-Khalifa

O DN informa que o príncipe herdeiro do Bahrein, não estará presente no casamento real de William e Kate.

Salman, para os amigos, esclareceu que, devido í  agitação social que se vive no seu país, prefere não se deslocar a Inglaterra para assistir í  cerimónia.

E?…

E nada!

A comunicação social portuguesa enche páginas e tempos de antena com este casamento, como se ele representasse mais do que isso mesmo – um casamento.

Labregos!

Doces painéis…

Notícia de hoje, no Diário de Notícias:

“Soutiens velhos entregues em lojas de roupa interior conferem descontos de três a cinco euros na compra de peças novas e são depois reciclados para utilização no fabrico de painéis isoladores e de absorção sonora.”

Curioso…

Os soutiens, depois de absorverem os choques e as trepidações, protegendo as maminhas, passam a proteger os ouvidos, absorvendo os ruídos.

Gosto muito de maminhas.

Sempre gostei…

Se um dia me virem encostado, com ar palerma, a um painel isolador, ficam logo a saber que o dito é feito de soutiens velhos…

Garantia de Kantaris

Está um gajo muito ansioso, com medo de não receber o próximo salário, devido ao agravamento da crise, quando descobre, no Diário de Notícias, uma pequena local que o tranquiliza.

Segundo o jornal, na Feira Esotérica de Oeiras, que está a decorrer, a taróloga Kantaris garante que Portugal vai ultrapassar a crise.

E o jornal explica que Kantaris lançou as cartas e verificou que, “olhando para a rainha de ouros como carta secundária, é um bom sinal”.

Quanto ao apoio internacional, “está assegurado pelas cartas da Roda da Fortuna e pelo 10 de ouros”.

Pronto!

Estamos safos!

O Cavaco pode meter a viola no saco, o Sócrates pode baixar a grimpa, o Coelho pode deixar-se de tretas!

O 10 de ouros da taróloga Kantaris garante que alguém virá ajudar o nosso querido país.

Mas amanhã, descobriremos se Kantaris tem ou não razão.

É que ela também garante que o Porto vai ser campeão amanhã, na Luz…

Meia cerveja, dois figos e um tiro no homem do talho

O Diário de Notícias continua a brindar-nos com verdadeiras pérolas do jornalismo de costumes.

Desta vez, socorro-me de uma notícia de ontem, da autoria de J.B. (presumo que seja o correspondente do DN em Guimarães) e que, bem ao estilo de um Rex Stout ou de um Dashiell Hammett, escreve:

«Entrou na mercearia, pediu uma cerveja, comeu dois figos e dirigiu-se ao talho contíguo onde disparou sobre o proprietário, seu antigo patrão.»

Qualquer boa história policial podia começar assim.

Não sabemos o nome do homem que disparou sobre o dono do talho, assim como não sabemos o nome do homem do talho. Mas sabemos – isso sim! – o nome do dono da mercearia, onde o tipo que disparou pediu a cerveja e comeu os dois figos!

É o Sr. José Silva.

Ei-lo que diz:

«Ele veio aqui beber uma cerveja, até me pediu dois figos para comer, e depois só disse ‘vou ali ao meu antigo patrão’, até deixou a cerveja a meio… Parece que ele toma medicamentos e, misturado com a cerveja, aquilo é como uma droga”.

Ah! grande José Silva!

Tu é que sabes!

Tomar medicamentos com cerveja “é como uma droga”! – sempre ouvi dizer!

Aspirina como Coca-Cola?

Droga!

Amoxicilina com Super-Bock?

Droga!

Ben-u-ron com Sagres?

Super-droga!

Vai daí, o homem drogado com medicamentos, meia cerveja e dois figos, toca de ir ao talho do antigo patrão e espetar-lhe com um tiro num braço.

São três colunas de notícia e ficamos sem saber: os nomes do agressor e da vítima, as motivações para a agressão, quantos tiros foram disparados, que tipo de arma foi usada, quando ocorreu toda esta tragédia.

Mas ficámos a saber que tudo se passou na Rua da Rainha, em Guimarães e que o talho se chama – espanto! – Talho Rainha!

Obrigado J. B.!

Obrigado Diário de Notícias!