A Universidade Laranja é Canja!

Decorre em Castelo de Vide, mais uma edição da Universidade Laranja.

Já não vamos a tempo de nos inscrevermos e temo que, mesmo que conseguíssemos frequentá-la, o resultado seria um valente chumbo. Se o PSD tivesse uma linha política que se percebesse, ainda poderíamos tentar, mas assim é difícil. Sociais-democratas já sabemos que não são; serão então liberais, anarco-capitalistas, populistas, nacionalistas envergonhados?

Sim, nacionalistas. Então não ouvimos um seu destacado membro elogiar a política de habitação do Salazar? Ou aquilo não era um elogio a Salazar, mas sim um ataque ao Costa?

Adiante.

Depois de muito trabalho, conseguimos arranjar uma lista das cadeiras ministradas na Universidade Laranja. Aqui estão elas.

* Como se tornar candidato a presidente sem se pí´r em bicos dos pés ““ pelo Dr. Marques Mendes

* Vejam como sou inteligente e alto ““ pelo Dr. Hugo Soares

* Como se tornar especialista em tudo, mas mesmo tudo, excepto submarinos ““ pelo Dr. Paulo Portas

* Estudo comparativo entre Antónios ou Como Salazar e Costa podiam formar uma coligação ““ pelo ilustre Doutor por Extenso Leitão Amaro

* Como escavar trincheiras ““ pelo Professor Rebelo de Sousa

* Aprender ucraniano em três quartos de hora ““ também pelo Professor Rebelo de Sousa

É pena já não irmos a tempo para nos inscrevermos…

Jornadas da Juventude Envelhecida

Se estivéssemos na Primeira República, o Papa vinha a Portugal mas era em gesso! Nesses tempos, tínhamos um regime verdadeiramente laico.

Agora, os pichas-moles do governo, cederam ao presidente beato e vamos levar com as Jornadas Mundiais da Juventude e com Portugal transformado numa enorme sacristia. Não vai faltar o cheio a estearina queimada e a bafio. Ainda me lembro bem de S. Marcelo a agitar os bracinhos e a gritar “…Conseguimos! Conseguimos!”

Estive a ler, por curiosidade ateia, o programa das Jornadas e fiquei estupefacto com a falta de originalidade dos organizadores.

As festividades começam na chamada Colina do Encontro. Sabem onde fica? Pois, no Parque Eduardo VII.

Dar o nome de um monarca britânico ao parque já foi uma ideia abstrusa, mas renomeá-lo Colina do Encontro ainda é mais estranho. Conhecendo a fama de que goza o parque, no que respeita a encontros mais ou menos suspeitos, e aliando isso í  tradição de abuso de menores no seio da santa madre igreja, temos de concordar que Colina do Encontro não foi uma boa ideia.

Depois de se encontrarem todos na tal colina, segue-se uma vigília no Campo da Graça, que não fica na Graça, mas sim no Parque Tejo. E por que se chama Campo da Graça? Porque é lá que se vão realizar os Encontros Rise Up. Diz o programa que Rise Up é um novo modelo de catequese, mas a mim soa-me a mais uma ordinarice. Rise up quer dizer levantar-se, aumentar, vir í  superfície… malandrecos, estes católicos…

Segue-se a chamada Cidade da Alegria, o que não espanta. Depois dos encontros na colina e de se terem levantado, estão todos muito alegres. A Cidade da Alegria é um espaço que junta a Feira Vocacional e o Parque do Perdão. Está tudo explicado, depois de terem pecado, os jovens têm direito a ser perdoados, através da confissão. Os confessionários foram construídos por presidiários e, dentro deles, estarão padres dispostos a perdoarem todos os pecados cometidos na Colina e arredores.

Haverá ainda um Festival da Juventude, onde certamente serão consumidas toneladas de hóstias e, para terminar, haverá mais uma missa.

Em resumo, uma seca de Jornadas!

Expresso e a conjunção adversativo mas

Hoje é dia de debate sobre o estado da nação e o Expresso decidiu fazer um inquérito sobre “…o que melhorou e o que está por fazer”.

Faz lembrar aquela anedota do homem que, depois de levantar halteres de 100 quilos, é apupado porque não consegue levantar 105.

Vejamos os títulos:

Educação: “…abandono escolar continua a cair, qualificações a aumentar, mas há uma crise de professores”.

Saúde: “…SNS tem mais profissionais, mas não chegam para dar médico de família a todos”.

Economia: “…é das que mais crescem, mas nível de vida não descola da cuada da Europa”.

Salários: “…chegaram ao fim de 2022 acima de 2019, mas entraram no ano a cair.

Emprego: “…perto dos máximos, mas há menos pessoas a trabalhar com ensino superior.”

Pobreza: taxa desce em 2021, mas Portugal mantém-se longe da meta para 2030″.

Pensões: “…aumentos reais garantidos, mas reformas continuam baixas”.

Inflação: “…está a descer, mas continua elevada nos bens alimentares”.

Dívida pública: “…cai mais rápido do que previsto, mas Portugal mantém-se no grupo dos mais endividados”.

Ambiente: “…uso de transporte está a aumentar em Lisboa e no Porto, mas o carro continua a liderar.”

Bancos: “…estão mais rentáveis, mas procura de crédito arrefece”.

Como se vê, não há notícia boa que não mereça um mas.

Apetece-me dizer que o Expresso era um jornal como deve ser, mas agora é uma merda!

Um presidente que acredita na indigestão

Marcelo desmaiou!

—

Estava na faculdade de Ciências e Tecnologia, a inaugurar um laboratório, quando alguém lhe ofereceu um moscatel. Quente.

O presidente não resiste a um copo ““ seja de moscatel, de ginjinha, de cerveja ou de qualquer outro líquido com uma percentagem de álcool aceitável.

Ignorando o facto ““ grave! ““ de já ter engolido o conteúdo de uma embalagem de Fortimel, Marcelo bebeu o Moscatel.

Estava quente!

Toda a gente sabe o mal que faz um cálice de moscatel quente.

Assim que o moscatel entrou no estí´mago presidencial, iniciou-se uma reação química com o Fortimel que ainda lá estava, a sobrenadar.

Consultando as precauções que constam da embalagem do Fortimel, podemos ler que só deve ser usado como suplemento, não sendo adequado como fonte alimentar única.

Ora, o presidente não almoçou e usou o Fortimel como fonte alimentar única. Ainda por cima, emborcou um cálice de moscatel. Quente!

Desceu-lhe a tensão!

Estava-se mesmo a ver.

Aliás, todos os médicos receitam moscatel quente aos hipertensos. É conhecida a sua ação hipotensora.

Felizmente, Marcelo recuperou bem. Depois de ter feito exames no Hospital, teve alta í s 8 horas, mesmo na abertura dos telejornais!

Marcelo afirmou aos jornalistas que, muito provavelmente, o Moscatel interferiu com a digestão do Fortimel.

Um presidente que acredita nas indigestões, é mesmo o que todos nós merecemos!

João Miguel Iznogoud Tavares

Em 1962, os belgas Goscinny e Tabary criaram uma personagem de banda desenhada a que deram o nome de Iznogoud. Trata-se de um grão-vizir que se quer tornar califa e tudo engendra para o conseguir. É um ser desprezível, que recorre í  mentira, í  trapaça, í s armadilhas mais torpes, no sentido de tirar o califa do Poder e ficar com o seu lugar.

João Miguel Tavares é um cronista que partilha com Iznogoud todas essas qualidades. Aproveita todo o rabo de notícia para construir um ataque ao governo. No fundo, Tavares, tal como Iznogoud, quer tirar o governo do Poder e colocar lá alguém do seu agrado.

Ao longo das últimas crónicas, Tavares tem acusado membros do governo, incluindo o Costa, de dizerem meias-verdades ““ isto é, não estão propriamente a mentir, mas também não dizem a verdade toda.

E afinal, Iznogoud faz o mesmo. Constantemente. É a sua técnica habitual.

O título da crónica de hoje, por exemplo, é este “…Visitar Viktor Orbán e esquecer Pedrógão Grande”.

António Costa assistiu a parte de um jogo de futebol, sentado ao lado do primeiro-ministro húngaro. É verdade. E António Costa não foi a Pedrógão Grande no sexto aniversário dos grandes incêndios. Também é verdade.

Mas, acontece que Costa não foi visitar Orbán. Dizer isso é mentir. E Costa não esqueceu os incêndios de Pedrógão. Dizer isso também é mentir.

Portanto, que credibilidade merece um cronista que mente assim, tão descaradamente?

A mesma que nos merece um personagem de banda desenhada.

Desprezível.

Adoramos ir í  faca!

O Diário de Notícias titula, em manchete a vermelho: “…Bónus a médicos fez disparar cirurgias, mas um terço dos doentes é operado tarde demais”.

Fiquei preocupado.

Será que um terço dos portugueses, apesar de serem operados, já não tiveram salvação possível e morreram?

Parece que não.

Na página 12, o título é mais moderado: “…Incentivos a cirurgias permitem recordes em 2023, mas 30% ainda são tratados fora de tempo”.

Isto é: um terço dos operados esperam mais tempo para ser operados do que o recomendado. No entanto, dizer que são operados “…tarde demais”, é apenas mais um sintoma do populismo que tomou conta dos órgãos de comunicação social.

Ignorando mais este título exagerado do antigamente circunspecto Diário de Notícias, gostaria de me deter neste número impressionante: em 2023, 758 mil portugueses foram operados e, nos primeiros quatro meses deste ano, já foram operados mais 246 mil. Por outras palavras, um milhão de portugueses operados em menos de ano e meio!

Operar 1% da população em menos de ano e meio, é obra, caramba!

Gostamos mesmo de ir í  faca, porra!

Não quero saber!

Eu quero lá saber quem telefonou para o SIS!

Não insistam: não quero saber quem deu a ordem para ir buscar o computador!

Quero lá saber se o adjunto ia de bicicleta ou de trotineta, ou se foi ele que deu dois murros na senhora ou se foi a senhora que lhe deu uma canelada!

Estou-me a cagar para as notas do adjunto! O gajo pode tê-las escrito na reunião secreta ou depois, em casa, quero lá saber!

Foi o Galamba que lhe ofereceu dois socos? E depois, o que tenho eu a ver com isso?!

Ah! Foi o Pinheiro que insultou o Galamba! Quero lá saber!

Estou farto desta merda!

Será que não há mais nada para discutir?

Toda a comunicação social a falar sempre da mesma coisa há semanas, porquê?

Que ganham com isso?

Tirando as imagens do Benfica campeão e do Almeida ciclista, é só conversa fiada sobre os incidentes no Ministério das Infratorturas.

Caçam o tipo do governo na Convenção do Bloco de Esquerda e atacam-nos com as perguntas do costume: foi o senhor que deu a ordem?

NíƒO QUERO SABER!

Cambada de obsessivos! Agarram-se a um assunto como lapas e não largam, como se desse assunto dependesse a vida das pessoas!

A malta está-se a lixar para quem chamou o SIS!

Convençam-se disso: ninguém fala nessa merda a não ser vocês!

Deslarguem, porra!

Queres fumar? Toma!

O governo aprovou mais restrições í  venda e ao consumo de tabaco. Os comentadores, em geral, estão contra. Pena não dizerem se são, ou não, fumadores.

Fui fumador durante 39 anos. Deixei de fumar quando nasceu o meu primeiro neto, há 16 anos. Já era tarde. Tenho doença coronária grave, já fiz três angioplastias e colocaram-me nove stents.

Uma das poucas coisas de que me arrependo na vida: ter começado a fumar. E porque comecei a fumar? Por imitação. Toda a gente fumava nos anos 60 do século passado: fumava-se nos cinemas, nos transportes públicos, nos aviões; na televisão, os apresentadores do telejornal, fumavam em directo. Assisti ao célebre debate entre Soares e Cunhal. Os moderadores foram o Joaquim Letria e o José Manuel Megre. Ambos conduziram o debate a fumar. Como estudante de Medicina, lembro-me que se fumava até nas enfermarias, enquanto se observavam os doentes. Os meus primeiros cigarros, comprei-os avulso numa mercearia perto do Liceu. Como podia não fumar?

Agora, vai ser proibido fumar í  porta dos hospitais, das escolas e dos restaurantes. Finalmente, posso beber a bica na esplanada do café da minha rua, sem levar com o fumo do cigarro do vizinho da mesa ao lado, porque também vai ser proibido fumar nas esplanadas.

Acham mal? Parece que sim. Dizem que não se proíbe o álcool nem o jogo, mas proíbe-se o tabaco. Considerações próprias de quem fuma.

Vi uma reportagem numa aldeia do Alentejo. Queixava-se um fumador que, para comprar cigarros, teria de se deslocar 18 km, a Évora e, com o preço das passagens da camioneta, não podia. Como diz o povo, quem não tem dinheiro, não tem vícios.

Todos os dias, oiço queixas. A vida está por hora da morte, depois de se pagar os alimentos, não há dinheiro para os medicamentos; se se comprar os comprimidos, não se põe comida na mesa. Ora aqui estão medidas sérias para ajudar a malta: deixando de comprar tabaco, já ficam com uma folga para a comida e para os medicamentos.

Ou não?

Caramba João Galamba!

A conferência de imprensa do ministro Galamba permitiu conhecer algumas novidades sobre os ministérios.

A mais importante diz respeito ao tamanho das casas de banho. Ficámos a saber que cerca de cinco pessoas se refugiaram na casa de banho do ministério das Infraestruturas, fugindo ao furibundo assessor. São, portanto, casas de banho de tamanho considerável, a menos que alguns dos refugiados se tenha escondido na banheira. Imagino dois na banheira, um sentado na sanita e mais dois junto ao lavatório; mesmo assim, é uma casa de banho jeitosa.

Ficámos também a saber que o assessor Pinheiro agrediu as senhoras do gabinete, usando a mochila como arma de arremesso. É um sinal dos tempos. Antigamente, só os hippies andavam de mochila, enquanto os assessores, se os havia, usavam aquelas malas í  James Bond. Sempre pensei que uma mochila não seria tão agressiva como uma mala de agente secreto ““ só que a mochila do Pinheiro tinha um computador lá dentro.

Por que razão o assessor queria tanto aquele computador?

Será que, no disco rígido, tinha vídeos porno protagonizados por figuras públicas em actividades lúbricas com a bicicleta do assessor? De salientar que era uma bicicleta eléctrica. Nunca se sabe…

Os jornalistas correram í  Ovibeja, para saber o que o presidente pensava disto, mas Marcelo estava entretido a comer presunto e a beber vinho alentejano por copinhos pequeninos. É perigosíssimo. Já experimentei. A gente vai bebendo copinhos, uns atrás dos outros e, as tantas, já não sabemos se estamos em Beja ou em Mértola! No fim da visita, também Marcelo já arrastava a voz e dizia que, em primeiro lugar, vai falar com o António Costa.

Entretanto, a economia está na maior, mas ninguém liga essas merdas…

25 de Abril Sempre!

No jornal República de 22 de julho de 1973, podia ler-se:

“…Os Bombeiros de Algés fizeram 70 anos. o dr. Afonso Marchueta (governador civil de Lisboa) deslocou-se a Algés:

«Afirmo que a opção está feita ““ optamos nós, os verdadeiros portugueses, pela segurança, intangibilidade e perenidade da nossa Pátria; optamos pela política de Marcelo Caetano, a única que nos inspira confiança; optamos por Américo Tomás, esse amigo dos portugueses, que é verdadeiro símbolo da Pátria e digníssimo expoente da raça»

No mesmo jornal, no dia 31 de julho de 1973:

“…O Diário de Notícias rescindiu o contrato com o Paris-Match, conhecida revista de esquerda (sublinhado meu), em sinal de protesto contra a publicação de uma reportagem sobre Moçambique (leia-se sobre o massacre de Wyriamu, acrescento eu)”

E só mais uma do mesmo jornal, a 13 de agosto de 1973:

“…O engenheiro Santos e Castro, governador geral de Angola, falou em Sá da Bandeira, durante um almoço que lhe foi oferecido pelo presidente do município local:

Â«É assim que se vive sob a Bandeira Portuguesa: na paz, no respeito mútuo, no orgulho de uma autêntica independência, no trabalho para um futuro melhor. O resto, não é connosco, pertence í  confusão do mundo ou é, aqui ou ali, sinal de perturbação estéril ou gosto exagerado pelas palavras»

Era assim Portugal. Um país pequenino, isolado do mundo. Há quem queira a ele regressar.