Em defesa de Trump

Está tudo muito indignado porque Trump terá mandado pagar 130 mil dólares í  actriz porno, Stormy Daniels para ela ficar caladinha e não revelar que andou enrolada com o presidente norte-americano, já depois de ele estar casado com a Melania.

Cambada de invejosos!

Que queriam eles? Que a Sra. Dona Stormy pusesse a boca no trombone e começasse a publicitar as habilidades sexuais que praticou com o Sr. Trump?

Será que algum dos que criticam o presidente vem para a rua falar sobre as suas tristes vidas sexuais?

—Basta olhar para a fotografia da Sra. Dona Stormy para perceber que ela é uma pessoa honesta, capaz de ter amado verdadeiramente o Donald e só aceitou os 130 mil dólares porque compreende que, sendo ele o actual presidente do país mais poderoso do mundo, tendo í  mão um botão nuclear maior e mais potente que o do tipo da Coreia do Norte, o facto de continuar a ir para a cama com ela não seria bom para a paz no Mundo.

Se consultarmos a wikipedia, vemos que Stormy Daniels ganhou diversos prémios pelo seu desempenho nos muitos filmes em que já participou. Ganhou por três vezes o Prémio Favourite Breasts, o que não é para qualquer uma, com ou sem implantes – portanto, não precisaria dos 130 mil dólares para nada!

Além disso, a acreditar nas bocas que Donald gosta de mandar í s mulheres, provavelmente, o alegado envolvimento dele com a Stormy não passou de uns apalpões.

Deixem mas é o Donald trabalhar, que ele há de acabar por se enterrar sozinho.

Erotismo ou pornografia?

Confesso que o “fenómeno” das “50 Sombras de Grey” me passou praticamente ao lado.

Só recentemente, com a estreia do filme baseado no livro, me interessei perifericamente pela coisa. Ouvi então falar de “pornografia para mamãs” e deparei-me com acérrimas defensoras do estilo.

Claro que não li os livros da E. L. James, nem faço tensão de os ler. Tenho uma prateleira cheia de livros a sério para ler.

2015-02-21 11.40.14Só que ontem, ao visitar a Fnac, em busca de um livro de contos de Joyce Carol Oates (“Terra Amarga”), deparei com uma prateleira pejada deste lixo:  “O Inferno de Gabriel”, “Pede-me o que quiseres”, “Proposta Indecente”, “Noites Escaldantes”, “Rosa Selvagem”, “O íŠxtase de Gabriel”, e, claro “As 50 Sombras de Grey”.

Não sei se isto é “pornografia para mamãs”. Há muitos anos, o meu tio Zé Ricardo diria que era literatura para grávidas e pupilos do exército.

No fundo, vai dar ao mesmo.

Gina91Por brincadeira, lembrei-me dessa publicação democrática que surgiu em setembro de 1974, resultado das “portas que Abril abriu” e que se chamava Gina.

Assim como nunca me passou pela cabeça comprar um dos calhamaços de E. L. James, também nunca comprei um único exemplar da Gina.

Isso não quer dizer que eu não conheça ambos os fenómenos.

Para o comprovar, aqui ficam algumas frases respigadas de ambas as obras:

1)”Eu não faço amor, eu fodo com força”

2) “Agora vou-te cavalgar, enfiar-me toda nessa grossa verga.”

3) “…A linha entre o prazer e a dor, é muito fina.”

4) “Paris é uma cidade onde todos os dias se passam histórias de orgias”

5) “…Por algum motivo não consigo ficar longe de você.”

6) “Olha para o costureiro e não resiste í  tentação de lhe tirar as calças para baixo e ver como está o seu membro”

7) “Ele deixa-me louca. Ouço-o sorrir.
O gelo no meu umbigo esta derretendo. Estou para lá de quente – quente e gelada e querendo-o dentro de mim. Agora.”

8) “Solta um pequeno gemido, quando sente aquele monstro começar a entrar nas suas entranhas”.

Claro que os entendidos perceberam logo que as frases 1, 3, 5 e 7 são citações da E. L. James, enquanto as 2, 4, 6 e 8 são da Gina.

Escusam de perder tempo a ler as coisas. Procurem aqui: http://pensador.uol.com.br/frases_cinquenta_tons_de_cinza/ e aqui http://revistagina.tumblr.com/.

Tudo isto me fez lembrar um texto do Mário-Henrique Leiria, publicado em O Coiso, em 16 de Maio de 1975, sob o título “Erotismo ou pornografia”.

Rezava assim:

“O Coiso tem andado bastante preocupado, dado que se sente inculto, ignorante, indigno de ser intelectual do novo tipo. O Coiso não sabe qual é a diferença entre erotismo e pornografia, vejam vocês!

(…) Sem saber essa diferença que parece ser fundamental, como é que ele podia candidatar-se a crítico literário, de arte, de teatro, de televisão, enfim, crítico importante no processo revolucionário? Sim, como?

Achei por bem que nos fí´ssemos esclarecer. É que eu tenho um amigo, professor universitário, é evidente, que sabe dessas coisas. É democrata tremendo há já um ano e alguns dias, o que nos dá garantias suficientes. Além disso, percebe muito de semântica e tem uma barba razoável. Mais garantias ainda.

Fomos, velozes.

O meu amigo, professor universitário, repito, afirmou-nos, concreto:

– Ora vejamos. Quando declaro grunf tobutu grink zunk zunk anabólico toribu chi cué damoi trabusni, isto é erotismo. Dado que a incidência zunk zunk se projecta directa e integralmente em trabusni. Muito bem. Mas se eu afirmar, peremptório, grunf tobutu grink zunk zunk anabólico toribu chi cué trabusni damoi, isto é pornografia. E porquê? Porque, meus caros, a incidência passa de trabusni para damoi. Creio que fui suficiente e dialecticamente claro. E agora deixem-me trabalhar.”

Espero que vocês também tenham ficado esclarecidos.

Nota: livros verdadeiramente aconselhados, a quem gosta de sexo na literatura ou literatura no sexo: Sexus, Nexus, Plexus, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio, todos de Henry Miller, Henry & June, Passarinhos, Incesto, Delta de Vénus, de Anais Nin, A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, A Vida Sexual de Catherine M., de Catherine Millet, etc…

Vagina má, vagina boa

A artista plástica japonesa Megumi Igarashi conseguiu, através do crowdfunding, realizar um projecto ousado. Fotografou a sua
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vagina e enviou o resultado, por mail, para os seus financiadores, de modo a que possam fazer uma impressão em 3 D do seu pipi.

Do mesmo modo, utilizou o molde para fazer um caiaque com a forma da sua vagina, a que chamou Pussy Boat.

Na foto, vemos a artista a posar para a câmara fotográfica, em cima, o molde da sua vagina, í  esquerda e, em baixo, ela dentro da vagina, ou melhor, dentro do caiaque em forma de vagina.

Foi presa no passado fim de semana.

As autoridades japonesas acusaram-na de infringir as leis da obscenidade e pode vir a ser condenada a dois anos de prisão.

Olhando bem para a foto, temos que concordar que o caiaque da japonesa parece-se com tudo, menos com uma vagina e a foto do molde da dita parece ter o clítoris em baixo – a menos que seja assim nas japonesas…

fontesMas se a vagina de Igarashi pode ser considerada má, porque levou a sua dona í  prisão, já a vagina da Erica Fontes, só pode ser boa.

Erica é uma portuguesinha assim para o escanzelado que, certo dia, respondeu a um anúncio para entrar num filme porno, “por brincadeira”, segundo ela conta.

Desde então, foi um ver se te avias, filme atrás de filme – e digo atrás com propriedade…

A fama de Erica chegou aos States e este ano ganhou um prémio pela melhor artista porno estrangeira.

Observando as as posições que a Erica adopta nos seus inúmeros filmes, temos que concordar que ela é, também, í  sua maneira, uma artista plástica, como Igarashi.

E, no entanto, em vez de ser presa, Erica ganha prémios!

Se calhar, é porque tem o clítoris no sítio certo…

Reforma porno-democrática

—Quem se lembra da Cicciolina?

De seu verdadeiro nome, Anna Elena Staller, Cicciolina foi uma actriz porno muito famosa nos anos 80 e 90 do século passado. Nascida na Hungria, naturalizou-se italiana, no início dos anos 70, ao casar-se com o realizador de filmes pornográficos, com o sugestivo nome de Riccardo Schicchi.

Mais tarde, casou-se com o pintor naif norte-americano, Jeff Koons, em 1991 (é o menino que está por baixo dela na imagem).

Em 1979, Cicciolina decidiu enveredar pela política, ao mesmo tempo que continuava a fazer filmes porno.

Em 1987, foi eleita deputada pelo Partido Radical e durante 5 anos dividiu o seu tempo entre o Parlamento europeu e as pilas de Ron Jeremy, Rocco Siffredi e muitos, muitos outros!

Agora, com 60 anos, Cicciolina reformou-se.

Reformou-se e foi sacar 3 mil euros mensais í  Caixa Nacional de Pensões italiana, pelos seus 5 anos de duro trabalho como deputada.

Depois de ter sido comida das mais variadas maneiras por múltiplos parceiros cinematográficos, Cicciolina decidiu vingar-se comendo os contribuintes italianos.

Mas a dívida soberana da Itália começa a vacilar.

E qualquer dia, a troika vai atacar.

Claro que isso, para a Cicciolina, é canja.

Ela está habituada a despachar três de uma vez…

Erotismo ou pornografia?

Há três ou quatro dias, passou no telejornal da Sic uma reportagem sobre uma descoberta arqueológica, penso que em Lisboa.

Não estava muito atento e, por isso, não recordo os pormenores. Mas lembro-me do arqueólogo, com uma taça de porcelana na mão, dizendo que a dita estava decorada com “imagens eróticas, ou melhor, pornográficas, já que representam cenas de sexo explícito”…

E pensei: então as imagens decorativas passam de eróticas a pornográficas porque representam cenas de sexo explícito?

Esta foi uma discussão muito presente nos anos subsequentes ao 25 de Abril. Com o fim da ditadura, muitas coisas que estavam proibidas, viram a luz do dia e era difícil distinguir entre, por exemplo, o cinema erótico e o cinema pornográfico.

“O íšltimo Tango em Paris”, em que Marlon Brando penetra o ânus de Maria Schneider, com a ajuda de um pouco de manteiga (ambos já morreram…), estreou no S. Jorge e era erótico, enquanto “Garganta Funda”, cuja protagonista tinha o clítoris nas amígdalas, se ficou pelo í“deon ou o Politeama, já não me lembro bem, e era pornográfico.

“O Coiso”, em papel, preocupou-se com esta discussão e, no seu nº 12, de 16 de Maio de 1975, publicava um texto de Wilson Gazosa (pseudónimo de Mário-Henrique Leiria), em que se dissecava a diferença entre erotismo e pornografia.

Aqui está ele:

«O Coiso» tem andado bastante preocupado, dado que se sente inculto, ignorante, indigno de ser intelectual do novo tipo. «O Coiso» não sabe qual a diferença entre erotismo e pornografia, vejam vocês!

Então veio a minha casa, rebolando o mais depressa possível, e fez-me a pergunta. O diabo é que eu também não sei, para mim é assim: ou gosto ou não gosto.

Dado isto, «O Coiso» ficou ainda mais ralado. Sem saber essa diferença que parece ser fundamental, como é que ele podia candidatar-se a crítico literário, de arte, de teatro, de televisão, enfim, crítico importante no processo revolucionário? Sim, como?

Achei por bem que nos fí´ssemos esclarecer. É que eu tenho um amigo, professor universitário é evidente, que sabe dessas coisas. É democrata tremendo há já uns anos e alguns dias, o que nos dá garantias suficientes. Além disso, percebe muito de semântica e tem uma barba razoável. Mais garantias ainda.

Fomos, velozes.

O meu amigo, professor universitário, repito, afirmou-nos, concreto:

– Ora vejamos. Quando declaro grunf tobotu grink zunk zunk anabólico toriku chi cué damoi trabusni, isto é erotismo. Dado que a incidência zunk zunk se projecta directa e integrantemente em trabusni. Muito bem. Mas se eu afirmar, peremptório, grunf tobotu grink zunk zunk anabólico toriku chi cue trabusni damoi, isto é pornografia. E porquê? Porque, meus caros, a incidência passa de trabusni para damoi. Creio que fui suficiente e dialeticamente claro. E agora deixem-me trabalhar.

Deixámo-lo.

Estávamos esclarecidos e certos de que a revolução ia caminhar mesmo em frente. Lúcida, com excelentes colaboradores.

«O Coiso» ainda me falou em Marcuse, Reich, Freud e Josefa de í“bidos, numa maior necessidade de informação. Confesso que nunca encontrei nenhum. E disse-lhe.

Portanto, fomos para minha casa, cada vez mais preocupados.

Começámos a pesquisa, gráfica e outra.

Analisámos, numa relação profunda, tudo o que encontrámos.

Obtivemos, é claro, alguns resultados parciais e não satisfatórios, mas que talvez pudessem coincidir com as afirmações exactas do meu amigo professor universitário (como já disse).

Assim, observando atentamente esta foto (foto de muçulmano com óculos escuros)…

…pensamos que provavelmente será erótica. O óculo escuro, ocluso, o sorriso excitante, enfim, o doutor Rebelo de Sousa que explique melhor, que nós não podemos. Será realmente erótica?

Com esta outra foto, tivemos a sensação de pornografia (foto de Henry Kissinger).

Vejamos, o óculo claro, a boca activa, a orelha em posição atenta. Mas também não estamos certos. O doutor Ferreira que nos ajude, se puder. Será pornográfica?

Mas a grande dúvida, o enorme espanto e suspeição, fica-nos com esta foto (foto da rainha Isabel e de membros da Commonwealth).

O que será? Talvez o doutor França, o doutor Coelho, os lógicos autênticos, nos possam dar qualquer achega.

No entanto, e com as exaustivas e construtivas observações feitas, chegámos a uma conclusão provisória que se pode traduzir por zuink trombose catum astroibo unqueque du. Afinal, será isto pornografia ou erotismo?

Leitores amigos, agradecemos qualquer contribuição válida. É só mandar, que nós aceitamos.”

“Escritos Pornográficos”, de Boris Vian

—O que não terá feito Boris Vian, na sua curta vida de 39 anos? Um livro com receitas de cozinha? Ou como podar arbustos? Ou mezinhas caseiras para curar a gripe?

Se o tivesse feito, alguém o teria publicado, certamente.

Este pequeno livro, de capa muito dura, para enformar, contém um Prólogo de sete páginas, da autoria de Noel Arnaud, Notas sobre os textos (mais 6 páginas), referências Bio-Bibliográficas (mais 4 páginas), ilustrações de Pedro Vieira (mais 7 páginas) e, propriamente da autoria de Boris Vian, 48 páginas, 26 das quais pertencendo a uma espécie de conferência, intitulada “Utilidade de uma literatura pornográfica”, e que é um texto com muito pouco interesse e que poderia ter continuado na gaveta.

Os restantes textos de Vian incluídos nesta colectânea, têm, também eles muito pouco interesse e Vian tê-los-á inscrito porque sim. São eles: “Liberdade”, “Durante o Congresso”, “As Fufas”, “A Marcha do Pepino”, “A Missa em João Menor” e “Drencula, excertos do diário de David Benson”, o único texto que poderá ser considerado “pornográfico” e que tem alguma graça.

Gosto muito do Boris Vian, mas senti-me enganado ao dar 17 euros por este livrinho da Guerra e Paz, que poderia surgir como “extra” numa qualquer reedição do “Outono em Pequim”.

Crime í  americana

Notícia do Público de ontem:

“Uma jovem de 15 anos dos EUA está a ser acusada do crime de pornografia infantil, por ter enviado a colegas de escola, via telemóvel, fotografias suas em que aparece nua.”

Outras possibilidades:

Casal sado-masoquista acusado de violência doméstica.

Pai acusado de pedofilia ao ser apanhado a dar muitos beijinhos í  sua filha, em pleno Centro Comercial.

Mãe acusada de exibicionismo por tomar banho de imersão com o filho.

Irmão preso por lenocínio, ao dar o número de telemóvel da irmã mais velha a todos os colegas da escola.

Homem acusado de assassínio depois de se ter suicidado com tiro na cabeça.